Bolsonaro se esquiva ao falar sobre investigações do caso Marielle

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Publicado Sexta, 13 de Dezembro de 2019 às 10:13, por: CdB

Apontado como autor dos tiros que mataram Marielle e Anderson, o PM reformado era vizinho de Bolsonaro e do filho dele, o ’02’ como é conhecido o vereador Carlos (PSL-RJ), em um condomínio da Barra da Tijuca, Zona Oeste da Cidade.

 
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
  As investigações da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes estariam perto de um desenlace. “Quem mandou matar Marielle?” é a pergunta a ser respondida. Os policiais da Delegacia de Homicídios buscam, agora antigos contatos e benefícios objetivos oferecidos por integrantes da família do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao sargento reformado Ronnie Lessa.
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Sem ninguém perguntar, Bolsonaro fala sobre o caso Marielle, ao dizer que alguém estaria fazendo 'armações' sobre a investigação
Apontado como autor dos tiros que mataram Marielle e Anderson, o PM reformado era vizinho de Bolsonaro e do filho dele, o ’02’ como é conhecido o vereador Carlos (PSL-RJ), em um condomínio da Barra da Tijuca, Zona Oeste da Cidade. À medida que avançam as investigações, devidamente monitoradas por agentes do serviço de inteligência da Presidência da República, na Agência Brasileira de Informações (Abin), sobre o assassinato político, ocorrido em 14 de março de 2018, Bolsonaro recebe o noticiário sobre os fatos.

Witzel

Nesta sexta-feira, sem que ninguém houvesse lhe perguntado alguma coisa sobre o assunto, Bolsonaro abordou o tema naquela entrevista que sempre oferece aos repórteres, ao sair do Palácio da Alvorada, rumo ao Palácio do Planalto. — No caso Marielle, outras acusações virão. Armações, vocês sabem de quem — disse, inesperadamente, o presidente. Ele não especificou quem seria o autor das armações: — Mas a gente tem um compromisso: mudar o destino do Brasil. A declaração surgiu enquanto ele argumentava sobre o governo estar apresentando bons resultados, "apesar de grande parte da imprensa, de gente do mal, pessoas que querem voltar ao que era antes”. Anteriormente, Bolsonaro entrou em uma polêmica com o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ao tentar ligá-lo ao caso Marielle. O presidente acusou o governador de "vazar informações" e "manipular" as investigações.

Voz de Lula

Em novembro, durante um encontro político na capital fluminense, Bolsonaro afirmou que Witzel tentava “destruir” quem o apoiava, “usando a Polícia Civil do Rio”. As provocações do mandatário neofascista não se restringem aos desafetos políticos à direita. Em declaração prestada pelas redes sociais, na noite passada, Bolsonaro informava sobre o veto a um projeto de lei da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT. Bolsonaro chegou a imitar a voz de Lula e inventou uma frase que, segundo ele, o petista teria dito para embasar o projeto da deputada. — Só porque o moleque está roubando um celular vai a policia para cima dele. Deixa o moleque roubar em paz — disse Bolsonaro, ao imitar a voz rouca do líder petista em uma frase que ele jamais pronunciou e, segundo o mandatário, teria inspirado Hoffmann a apresentar o Projeto de Lei (PL).

Temporal

A frase dita por Lula, na semana passada, foi essa: — Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos, sendo violentado e assassinado pela polícia, às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular. Em nenhum momento, Lula não fala em “deixar (alguém) roubar em paz” ou sua declaração poderia ter influenciado a parlamentar na proposição legislativa, uma vez que foi proferida em 2019, enquanto o PL foi apresentado em 2016. Os setores jurídicos do PT já estudam uma nova ação contra o mandatário sem partido, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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