A vitória na Câmara e no Senado parecia ser o ponto alto da tática bolsonarista para montar uma ampla base de apoio e solidificar sua frente ampla para governar, além de esfacelar a oposição. Mas isso é uma conclusão apressada e pontual, não reflete a realidade em movimento, dialética e complexa.
Por Thiago Modenesi - de Brasília
A vitória na Câmara e no Senado parecia ser o ponto alto da tática bolsonarista para montar uma ampla base de apoio e solidificar sua frente ampla para governar, além de esfacelar a oposição. Mas isso é uma conclusão apressada e pontual, não reflete a realidade em movimento, dialética e complexa.Destruir possíveis adversários
Trabalha diuturnamente para destruir possíveis adversários, absorver em suas fileiras novos seguidores e causar o máximo de confusão no campo daqueles que poderiam se somar a oposição ao fascismo tupiniquim. Para isso, joga nacos de poder para converter deputados e setores da direita mais pragmáticos e imediatistas, mas enfrenta um desafio: como sobreviver ao derretimento de sua popularidade, em particular devido aos erros no combate a covid-19 e a lentidão na aquisição de doses na campanha de vacinação? Setores mais amplos do centro e da direita enxergam isso, se articulam, ocupam espaço e tentam se apresentar como alternativa ao tresloucado presidente. Isso é bom. Quanto mais estiverem somados ao lado de cá, atirando contra o lado de lá, melhor. Há quem se preocupe, que queira atestado ideológico para compor oposição, que busque declarações de arrependimento dos setores que rompem com o bolsonarismo, que achem que frente ampla é chá da tarde entre amigos… A realidade é mais dura e complexa que isso. A derrota na Câmara mostrou apenas que a vitória era possível, parece contraditório, mas não é. Faltou unidade de todo mundo, inclusive da esquerda, mas mostrou a justeza da ideia. A defesa do Brasil, da democracia e da vida tornaram isso uma necessidade, não um chavão. Como bem disse o governador do Maranhão, Flávio Dino: é preciso errar muito para perder de Bolsonaro. Pura verdade, precisamos de mais pontes, mais unidade em nosso campo, agregar mais, para dar a volta a democracia que o Brasil precisa, seguindo o exemplo do que ocorreu na Argentina, Bolívia, Equador. e mesmo nos Estados Unidos. Toda força e unidade para juntar forças e derrotar Bolsonaro.Thiago Modenesi, é licenciado em História, Especialista em Ensino de História e Ciência Política, Mestre e Doutor em Educação, é professor e pesquisador sobre charges, cartuns e histórias em Quadrinhos e editor do selo de histórias em quadrinhos Quadriculando, além de presidente do PCdoB em Jaboatão dos Guararapes/PE .
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