Bolsonaro chama presidente do BNDES de ‘garoto’ e questiona preço de auditoria

Arquivado em:
Publicado Terça, 28 de Janeiro de 2020 às 11:21, por: CdB

Sobre o último aditivo, na gestão do atual presidente do banco, Gustavo Montezano, o presidente disse que "parece que alguém quis raspar o tacho”, afirmou, à saída do Palácio da Alvorada, nesta terça-feira.

 
Por Redação - de Brasília
  Para o presidente da República, Jair Bolsonaro,"tem coisa esquisita" no contrato aditivo que levou o BNDES a elevar para R$ 48 milhões o preço da auditoria que deveria identificar uma suposta “caixa-preta", em operações do Banco atribuídas aos governos do PT. Nenhuma irregularidade foi encontrada.
montezado-bolso.jpg
Presidente do BNDES, Montezano é abraçado por Bolsonaro, que o chama agora de 'garoto' após envolvimento em contrato suspeito
Sobre o último aditivo, na gestão do atual presidente do banco, Gustavo Montezano, o presidente disse que "parece que alguém quis raspar o tacho”, afirmou, à saída do Palácio da Alvorada, nesta terça-feira. — Essa auditoria começou no governo Temer. E tiveram dois aditivos. O último aditivo parece, não tenho certeza, seria na ordem de R$ 2 milhões. E chegou a R$ 48 milhões no final. Tá errado. Tá errado — disse Bolsonaro, nesta manhã.

Garoto

Fechado em outubro do ano passado, o contrato foi realizado sob a gestão de Montezano, que autorizou o aumento de cerca de R$ 15 milhões no preço da Cleary. — Tem coisa esquisita aí. Parece que alguém quis raspar o tacho. Não sei se vou ter tempo para estar com Paulo Guedes (Economia, nesta terça-feira). Parece que ele está em Brasília. É o garoto lá, foi o garoto, porque, conheço por coincidência desde pequeno, o presidente do BNDES é um jovem bem intencionado. E ele que passou as informações disso que falei para vocês (jornalistas) agora, que são os aditivos. A ordem é não passar a mão na cabeça de ninguém. Expõe logo o negócio e resolve — desabafou o presidente.

Suspeitos

A auditoria, que durou um ano e dez meses de trabalho em cima de oito operações com as empresas JBS, Bertin, Eldorado Brasil Celulose, não apontou qualquer irregularidade. O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, no entanto, havia desconfiado de que houve prejuízos de R$ 2 bilhões ao banco em operações com o grupo J&F, controlador da JBS. Dados da Operação Bullish mostram desrespeito ao limite de crédito que poderia ser emprestado à  companhia e dispensa de recebimento de juros sobre o valor injetado na empresa. Apesar da desconfiança, no entanto, nada ficou provado contra qualquer dos suspeitos. Além do aditivo de Montezano, os pagamentos foram reajustados na gestão de Dyogo Oliveira, no BNDES, no segundo semestre de 2018. Na sexta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu um prazo de 20 dias para o BNDES dar explicações sobre o aumento do valor do contrato.

Desgaste

A questão poderá ser esmiuçada em uma investigação específica no TCU, uma vez que o Ministério Público junto à Corte ingressou com um pedido de verificação do pagamento ao Cleary Gottlieb Steen & Hamilton, escritório norte-americano contratado para realizar o serviço. Ex-presidente do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro, responsável pelo início da auditoria, também pediu explicações em carta a Montezano. Na gestão dele, o contrato inicialmente previa um custo próximo a R$ 16 milhões. O aditivo assinado sob a gestão Montezano desgasta ainda mais o atual gestor, internamente, porque o atual presidente, em entrevista em Davos, Suíça, havia tentado jogar a responsabilidade pela auditoria para seus antecessores.
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo