Bolsonaro recua diante a resistência democrática nas ruas das cidades brasileiras

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Publicado Segunda, 01 de Junho de 2020 às 14:14, por: CdB

Ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro parou para conversa com o grupo, que foi levado para a pista dentro da residência oficial para que ele pudesse evitar os jornalistas que sempre o esperam pela manhã.

Por Redação - de Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a seus apoiadores, nesta segunda-feira, que devem evitar manifestações no próximo domingo. E que não devem entrar em confronto com grupos que já marcaram atos a favor da democracia e contrários ao governo.

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Bolsonaro instruiu seus seguidores a não buscar o confronto com os militantes pela democracia, no Brasil

Ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro parou para conversa com o grupo, que foi levado para a pista dentro da residência oficial para que ele pudesse evitar os jornalistas que sempre o esperam pela manhã.

— Estão marcando no domingo um movimento, né? Deixem sozinho no domingo. Eu não coordeno nada, não sou dono de grupo. Eu só vou prestigiar vocês. Fazem um movimento limpo, decente, pela democracia, pela lei e pela ordem. Eu apenas compareço. Eu acho que já eles marcaram para domingo, deixa eles domingo lá — disse o presidente, afirmando ainda que não conhece as pessoas que tem organizado as manifestações a seu favor.

Manifestações

A fala de Bolsonaro acontece depois de um dos apoiadores reclamar que era preciso “acabar com esses caras de preto batendo na gente”. No último domingo, houve confusão na avenida Paulista entre manifestantes pró-democracia, formado por torcidas organizadas de times de futebol, e um grupo de apoiadores de Bolsonaro, que defendiam o governo e pediam intervenção militar no país.

O presidente tem incentivado as manifestações a seu favor em Brasília, tendo participado de praticamente todas elas. No último domingo, andou a cavalo em meio aos manifestantes. Nesta segunda, a segurança da Presidência levou os manifestantes para dentro do jardim do Alvorada, para evitar parar próximo aos jornalistas que esperam Bolsonaro todas as manhãs na saída da residência oficial.

— A imprensa agora não vai mais poder dizer que estou agredindo ela. Vou conversar com o povo porque esse pessoal aí realmente... se transmitissem a verdade... mas deturpam, inventam — justificou o presidente a seus apoiadores.

Denúncia

Até esta data, os apoiadores ficavam de um lado e os jornalistas de outro, separados por uma grade. Recentemente, os principais veículos de mídia do país decidiram não enviar mais seus profissionais para a entrada do Alvorada pelos riscos de aumento de agressões verbais e ameaças dos apoiadores do presidente aos jornalistas.

A mudança não altera a questão de segurança. Os apoiadores ainda chegam pelo mesmo local dos jornalistas e aguardam no mesmo local para serem levados ao ponto onde falarão com Bolsonaro.

Outro fator que tem levado o mandatário neofascista a pensar melhor em suas atitudes tem sido o ex-ministro Sergio Moro. Ele foi ao Twitter, nesta manhã, e fez uma denúncia contra o presidente. Na mensagem, disse que ele pretendia facilitar o porte de armas para impulsionar rebeliões armadas contra prefeitos e governadores, abrindo espaço para uma guerra civil no Brasil.

No STF

“Sobre políticas de flexibilização de posse e porte de armas, são medidas que podem ser legitimamente discutidas, mas não se pode pretender, como desejava o presidente, que sejam utilizadas para promover espécie de rebelião armada contra medidas sanitárias impostas por governadores e prefeitos, nem sendo igualmente recomendável que mecanismos de controle e rastreamento do uso dessas armas e munições sejam simplesmente revogados, já que há risco de desvio do armamento destinado à proteção do cidadão comum para beneficiar criminosos”, disse Moro.

Além de indicar a proteção às milícias, Moro afirmou também que “a revogação pura e simples desses mecanismos de controle não é medida responsável”. O fato repercutiu no processo, em curso, no Supremo Tribunal Federal (STF).

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