Bolsonaro tenta reduzir danos e diz que Guedes manda na economia

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Publicado Segunda, 27 de Abril de 2020 às 12:32, por: CdB

O ministro Paulo Guedes disse que o governo deve enviar essa semana ao Congresso uma proposta de suspensão de reajustes de salários para servidores públicos por um ano e meio. Segundo Guedes, os servidores precisam dar sua colaboração e não podem “ficar em casa, com a geladeira cheia”, em um momento de crise.

Por Redação - de Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, colocou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em rota de colisão com o núcleo militar de seu governo ao afirmar, nesta segunda-feira, que não há motivos para suspender o teto de gastos mesmo com a epidemia de coronavírus, uma vez que os recursos para saúde estão garantidos. Mas a questão não é tão simples, lembraram economistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil.
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Bolsonaro e Guedes se encontram em situação de confronto com o núcleo militar do governo
Segundo Guedes, se faltassem recursos para a Saúde, o teto, aprovado pelo Congresso durante o governo do ex-presidente Michel Temer, “até poderia ser suspenso, mas não é caso”. — Para que falar em derrubar teto se o teto é que nos protege na tempestade — disse Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, ao sair de uma reunião no Palácio da Alvorada.

‘Pró-Brasil’

O ministro disse ainda que o governo deve enviar essa semana ao Congresso uma proposta de suspensão de reajustes de salários para servidores públicos por um ano e meio. Segundo Guedes, os servidores precisam dar sua colaboração e não podem “ficar em casa, com a geladeira cheia”, em um momento de crise. — Os servidores vão colaborar, vão ficar um tempo sem pedir aumento, por um ano e meio. Essa semana mesmo vamos ter essa novidade — disse Guedes, que praticamente desconheceu a proposta dos militares no plano ‘Pró-Brasil’, apresentado na semana passada. A suspensão de qualquer reajuste a servidores é uma contrapartida ao pacote de ajuda aos Estados que, segundo Guedes, deve ser aprovado esta semana. Essa era uma demanda da equipe econômica para aprovação da ajuda e o governo está trabalhando com o Senado em uma proposta diferente da que foi aprovada pela Câmara dos Deputados, muito além do desejado pela equipe econômica.

Geléia

O ministro disse ainda que essa semana deverá ser aprovado pelos senadores esse pacote de ajuda aos Estados, em uma negociação com o presidente de Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Apesar do profundo descontentamento dos ministros militares com as medidas adotadas por Guedes, mas para amenizar a sensação do mercado financeiro de que seu governo se transforma, rapidamente, em uma geléia, Bolsonaro apareceu ao lado de Paulo Guedes, e reiterou que é o auxiliar quem manda nas questões econômicas do governo. — O homem que decide economia no Brasil é um só, e chama-se Paulo Guedes — disse Bolsonaro aos jornalistas ao lado de Guedes e dos ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Estudos

A entrevista com os ministros acontece após Guedes ter ficado incomodado com a divulgação do Plano Pró-Brasil, que prevê gastos em obras de infraestrutura e cuja elaboração não teve a participação da equipe econômica de Guedes. O ministro rejeitou a edição de planos nacionais de desenvolvimento, como se fez no passado, e defendeu a necessidade de reformas estruturantes e a responsabilidade fiscal. — O Programa Pró-Brasl, na verdade, são estudos. Agora, isso vai ser feito dentro do programa de recuperação da estabilidade fiscal nossa — concluiu.
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