Para Boulos, o governo Michel Temer refundou “uma política externa que fala grosso com a Bolívia e a Venezuela, e fala fino com os Estados Unidos”.
Por Redação – do Rio de Janeiro
Pré-candidato à Presidência da República, o cientista político Guilherme Boulos (PSOL) afirmou, nesta quarta-feira, que “se houvesse justiça e seriedade neste país, esse governo estaria no tribunal por crime de lesa-pátria”.
— São traidores! Nós temos um governo entreguista, é parte desse processo do golpe — afirmou a um site, na internet.

Para ele, o governo Michel Temer refundou “uma política externa que fala grosso com a Bolívia e a Venezuela, e fala fino com os Estados Unidos”. “O que nós vemos hoje é um apequenamento do país, um entreguismo deslavado. Não há como separar isso do processo que levou ao golpe”, afirma.
Crise institucional
Para Boulos, o crescente protagonismo das Forças Armadas na politica brasileira representa “um papel quase que de tutela”.
— Temos generais em cargos-chave do governo, temos um Estado sob intervenção, que é o Rio de Janeiro. Em Roraima, os imigrantes venezuelanos estão em abrigos sob controle do Exército! Há um papel cada vez mais forte do Exército em ações públicas, o que expressa um fortalecimento político e uma ideia… Mexe com uma coisa que eu acho que está guardada na sociedade brasileira –e que é muito perigosa–, a ideia de que militar resolve — ressalta.
Ainda segundo Boulos “num momento de tanta crise institucional, nós temos um sistema político implodindo, na lona, as soluções de força se tornam atraentes. Isso pode levar a soluções autoritárias no país, no curto ou médio prazo”.
Representação
Boulos, porém descarta que haja um movimento à direita entre a juventude.
— Não dá para medir, numa régua, dizer que a juventude está á direita. Esse é um diagnóstico equivocado. Essa mesma juventude que por vezes flerta com uma saída, como a de Bolsonaro (Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência pelo PSL) é uma juventude que há dois anos fez um dos movimentos mais extraordinários, ocupando escolas aqui em São Paulo, no Paraná, em várias partes do país. Isso revela uma outra chave: a chave de um sistema político, a chave de uma crise de representação profunda — acrescentou.
Para Guilherme Boulos, ”estamos num abismo de representação, um apartamento entre o poder e as pessoas”.
— O poder está muito distante das pessoas. Ninguém se sente representado por este sistema político, por esta forma de fazer política – e quem se sente assim tem suas razões. Esse sistema político não nos representa. O sistema político da Nova República está num processo de descolamento da sociedade e numa crise muito profunda. Precisamos repensar a política brasileira. Precisamos de uma nova ordem política no país, de uma revolução democrática — afirma.
Mídia golpista
Boulos voltou a afirmar que “a condenação do Lula é uma farsa judicial. Lula foi condenado sem nenhuma prova, num processo político-midiático de linchamento. Todo mundo sabia a sentença antes de ela sair”.
— A prisão do Lula é um atrevimento político do andar de cima no Brasil, que faz uma prisão para impedi-lo de participar do processo eleitoral de qualquer maneira. É uma prisão política. É disso que se trata.Lula é um preso político. Lula é vítima de uma farsa judicial e é um preso político no Brasil. Não tenho a menor dúvida em relação a isso”. Nós defendemos o direito de Lula ser candidato e esperamos que ele possa ser candidato. Mas essa vitória deve ser uma vitória desse campo. Nossa candidatura vai até o fim — conclui.