Boulos consolida chapa e deixa o PT dividido no apoio a candidatura própria

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Publicado Segunda, 20 de Julho de 2020 às 12:07, por: CdB

Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o professor Guilherme Boulos e a deputada federal Luiza Erundina foram escolhidos os pré-candidatos do PSOL a prefeito e vice-prefeita da cidade de São Paulo. A chapa recebeu 61% dos votos dos filiados do partido, em eleição online.

Por Redação - de São Paulo
Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o professor Guilherme Boulos e a deputada federal Luiza Erundina foram escolhidos os pré-candidatos do PSOL a prefeito e vice-prefeita da cidade de São Paulo. A chapa recebeu 61% dos votos dos filiados do partido, vencendo os concorrentes, a deputada federal Sâmia Bomfim e o deputado estadual Carlos Giannazi.
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Boulos, em conversa com jornalistas, disse que gostaria de receber o apoio do PT, nas eleições municipais de novembro deste ano
Boulos foi candidato do partido à Presidência em 2018 — teve 617.122 votos, ou 0,58% dos votos válidos. Erundina foi prefeita de São Paulo entre 1989 e 1992 e disputou novamente o cargo em 1996, 2000, 2004 e 2016.

‘À luta!’

"Agora é oficial! Eu e Luiza Erundina somos pré-candidatos do PSOL à Prefeitura de SP. Após o fim da apuração tivemos 61% dos votos. Agradeço à militância e cumprimento Sâmia Bomfim e Carlos Giannazi pelo processo democrático. O partido sai mais forte e unido. Vamos vencer em São Paulo!", disse Boulos, no Facebook. Sâmia defendeu a união do partido após reconhecer a derrota. "Agora com as prévias encerradas, já sabemos que as urnas apontaram que nossa candidatura será representada pelos companheiros Guilherme Boulos e Luiza Erundina. Como dissemos no debate, nosso compromisso agora é com a unificação partidária, com a contribuição programática e com a aposta numa campanha que convoque o povo de São Paulo à luta", escreveu nas redes.

Divisão

Numa saia justa entre o apoio a Boulos, que esteve ao seu lado nas últimas campanhas do PT, e à decisão do partido, que indicou o seu secretário nacional de Comunicação, Jilmar Tatto, à candidatura por São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu ficar ao lado da direção petista. Isso não significa, contudo, que a legenda — com mais de 4 milhões de filiados — concorda plenamente com a decisão. Militante histórico do PT, o jornalista Breno Altman avaliou em conversa com jornalistas que, se Fernando  Haddad não aceitou a candidatura a prefeito de São Paulo, “Boulos e Erundina possuem maior potencial de arranque do que Jilmar Tatto”. — O PT tem a responsabilidade de unificar a esquerda na eleição de São Paulo e deve analisar seriamente a possibilidade de apoiar a chapa Boulos-Erundina, fazendo um gesto de enorme generosidade, que ajudaria a desfazer um antipetismo de esquerda, especialmente nas novas gerações — acrescentou Altman.

Trajetória

Ele explicou em sua análise que “São Paulo é a batalha decisiva das eleições municipais” e que “a situação da esquerda em SP é muito difícil”. “Há um risco alto da esquerda estar fora da disputa no segundo turno e tal fato será refletido nacionalmente”, alertou. Altman ainda ponderou que a candidatura de Tatto “é eleitoralmente fraca, não unifica a esquerda, em que pese seus talentos e sua trajetória”.  O jornalista elucidou que a prévia interna do PT que elegeu Tattoo “pode ser revogada por uma nova reunião desta instância ou pelas instâncias superiores do partido”. “Isso não fere a democracia interna do partido”, concluiu. O ex-governador gaúcho e ex-presidente nacional do PT, Tarso Genro, acompanha o pensamento de Altman. Ele propõe que seu partido abandone a candidatura própria em São Paulo e passe a apoiar a chapa Boulos-Erundina. — É preciso saber selecionar não só quem é o melhor candidato, mas também quem tem mais possibilidades de unificar a esquerda. Não tenho nenhuma restrição de princípios em relação a Jilmar Tatto, mas sim ao fato de o PT forçar ter a cabeça de chapa. O PT precisa se abrir e mostrar a grandeza política que temos. Sabemos ser tanto cabeça de chapa como apoiar outro candidato. É preciso ter grandeza política para ter um candidato de unidade — resumiu, em entrevista no Sul do país.
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