Boulos: ‘Vitória de Boric aumenta força do campo progressista’

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Publicado Quarta, 22 de Dezembro de 2021 às 15:33, por: CdB

Boulos foi convidado a viajar a Santiago pela campanha do agora presidente eleito Gabriel Boric, para acompanhar de perto a reta final deste segundo turno.

Por Redação, com BdF - de Santiago do Chile
Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL em 2020, o professor Guilherme Boulos acredita que a derrota do neonazista José Antonio Kast, no Chile, coroa o “declínio do ciclo da extrema direita” no continente.
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Boulos trabalha pela formação imediata de uma frente contra o fascismo, no Brasil e na América Latina
Boulos foi convidado a viajar a Santiago pela campanha do agora presidente eleito Gabriel Boric, para acompanhar de perto a reta final deste segundo turno. O líder brasileiro falou ao site de notícias Brasil de Fato (BdF) sobre algumas impressões que teve durante a sua visita ao país andino e sobre as perspectivas que têm com relação ao futuro governo chileno.

Tática suja

Segundo o professor universitário, “foi uma ótima experiência, pudemos acompanhar a reta final destas eleições junto com o comitê político, conversamos com o (Gabriel) Boric e com outros dirigentes da Frente Ampla e do Partido Comunista, foi algo bem interessante”. — Também nos deparamos com algumas situações que nós já conhecíamos desde a nossa candidatura em 2018. O uso das fake news por parte da candidatura da extrema direita, a falta de ônibus em circulação no dia das eleições, prejudicando a chega das pessoas aos seus locais de votação, esse tipo de tática suja que nos fez inclusive temer pelo resultado, e que são coisas que nós já vimos a direita fazer em outros países — relatou.

Extrema-direita

Ainda de acordo com o provável candidato ao governo do Estado de São Paulo, “felizmente, o povo chileno soube superar essas coisas e foi às urnas para dar essa vitória incontestável ao Boric”. — E foi muito importante, entre outras coisas, o papel da juventude, que participou dessas eleições para manter vigente o espírito da revolta social que se iniciou em 2019, e que o projeto do Boric representa — acrescentou. A votação chilena, no entanto, mostra que a direita ainda é uma força política considerável, com o que Boulos concorda. — Mas este segundo turno aqui no Chile refletiu muito o que vem sendo a dinâmica da política no país a partir da revolta social de 2019. Antes, a direita tradicional, aquela representada por Sebastián Piñera (atual presidente), já havia sido derrotada e bem derrotada antes, no primeiro turno. Então, surgiu essa extrema-direita representada pelo (José Antonio) Kast, que tentou aderir de forma farsesca a um certo discurso antissistêmico, essa coisa de “nós não somos a política tradicional”, reproduzindo uma fórmula que nós já conhecemos. O Bolsonaro fez isso em 2018 e, em outros países, também tivemos candidatos usando esse discurso — pondera.

Bolsonaro

Em uma análise geopolítica da cena regional, Boulos acredita que o impacto da eleição de Boric, para a América Latina (AL), tende a enfraquecer a presença da extrema-direita. — Essa eleição do Chile terá dois impactos importantes para a América Latina, que estão representadas nesses dois fatos gerados pelo resultado: a derrota do Kast, e a vitória do Boric. A derrota do Kast coroa o declínio do breve ciclo da extrema direita no continente. A extrema direita passa por maus momentos hoje, na AL. O Bolsonaro, que é o seu maior expoente, está perdendo mais popularidade a cada dia no Brasil, a ponto de o Lula poder ganhar as próximas eleições, talvez até no primeiro turno — concluiu.
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