Brasil cria tecnologia mais barata para detecção da hepatite C e Aids

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Publicado quinta-feira, 28 de dezembro de 2006 as 16:26, por: CdB

Uma nova tecnologia, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, capaz de detectar o vírus da Aids e da hepatite C foi anunciada nesta quinta-feira pelo presidente da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), João Paulo Araújo. O método reduz o tempo da chamada janela imunológica, período que o organismo leva para produzir, depois da infecção, uma certa quantidade de anticorpos que possam ser detectados pelos exames de sangue específicos.

Ele explicou que a metodologia já é conhecida, mas o Brasil tinha dificuldade de implantação pelo alto custo das duas produtoras mundiais. A partir de 2004, os pesquisadores optaram por desenvolver um produto nacional.

– Esses exames já são realizados em todos hemocentros, mas eles buscam pesquisar anticorpos e, com isso, se perde tempo. Com a nova metodologia, em que se trabalha com o genoma do vírus, é possível reduzir o tempo da janela imunológica detectando assim a contaminação pelos exames. Isso assegura mais qualidade ao sangue (coletado nos hemocentros) -, disse.

Segundo o presidente da Hemobrás, a tecnologia é vantajosa também pelo preço, mais baixo que o de dois produtos similares vendidos por multinacionais. O nacional, que está sendo desenvolvido, deve ficar com custo final entre US$ 3 e US$ 4, cerca de R$ 8 para cada reação, enquanto os vendidos no mercado mundial custam em torno de US$ 15 ou R$ 30.

O desenvolvimento da metodologia teve a parceria do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz-Biomanguinhos, Universidade Rederal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP). De acordo com João Paulo Araújo, ela deve ser implantada em 2008, mas os testes de validação dos equipamentos têm início no ano que vem. Além disso, será feita a atualização dos exames e registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

– A tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros vem demonstrar a importância dos organismos públicos estarem unidos forças em busca de melhorar cada vez mais a saúde coletiva -, finalizou