Reuniões do presidente George W. Bush com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nestor Kirchner durante a Cúpula Extraordinária das Américas devem tentar aliviar as crescentes tensões entre os Estados Unidos, Brasil e Argentina.
As divergências, que haviam atingido o auge durante a negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), agora têm outros motivos, mas continuam afetando as relações bilaterais.
Lula embarca para Monterrey, no México, no dia 11, e começa seu programa na manhã de segunda-feira, dia 12, no ato de inauguração da cúpula. à noite, participará de um jantar que o presidente Vicente Fox oferece em homenagem aos chefes de estado e de governo. O encontro com Bush deve ser nos dias 12 e 13.
A iniciativa brasileira de fichar qualquer americano que entre no país, em resposta às novas exigências dos EUA, e a dura atitude da Argentina na negociação com os credores privados estão irritando os Estados Unidos.
A questão da identificação dos estrangeiros que chegam aos EUA deve ser defendida pelos americanos como uma medida de segurança que facilitaria a entrada de turistas freqüentes no futuro. O procedimento é considerado como constrangedor pelo Brasil.
A atitude de reciprocidade do Brasil foi criticada por estar provocando atrasos na entrada de americanos no país, e Bush deve tocar no assunto durante a conversa com o presidente brasileiro.
O secretário de Estado, Colin Powell, abordou o assunto num telefonema ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e disse nesta quinta-feira numa entrevista coletiva que há ” modificações sendo feitas ” nos procedimentos para identificação de americanos que chegam ao Brasil, mas excluiu a possibilidade de não exigir a identificação de brasileiros que chegam aos EUA.
O Brasil não poderia ser incluído no programa que dispensa vistos porque ele foi montado por critérios estatísticos que levam em conta, por exemplo, o número de vistos recusados pelos consulados às nacionalidades. O número de impressões digitais colhidas de americanos no Brasil diminuiu e a espera nas filas também.
Esta será a primeira Cúpula das Américas desde os atentados terroristas de 11 de setembro, e os EUA devem defender as conclusões de uma conferência sobre segurança hemisférica concluída em outubro do ano passado.
Bush e Lula também não conversaram pessoalmente desde a difícil negociação da Alca, que durou todo o segundo semestre do ano passado. Pouco antes da reunião ministerial de Miami, em novembro, o presidente americano telefonou para o brasileiro, tentando evitar fracasso semelhante ao da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún.
O desacordo em vários assuntos levou a um texto aprovado na reunião de Miami criando uma Alca mais flexível, na qual cada país poderá determinar seu nível de adesão, mas que foi apresentado como uma negociação vitoriosa.
Entretanto, a parte mais difícil acontecerá este ano, com as negociações das condições específicas do acordo. A Alca deve ser mencionada de maneira geral por Bush durante a reunião com Lula.
O sub-secretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roger Noriega, ressaltou recentemente o ” compromisso ” dos EUA com a Alca e lembrou que já foi pedida autorização ao Congresso para começar a negociação de acordos de livre comércio com o Equador, Colômbia, Peru e Bolívia. O acordo bilateral com os andinos foi anunciado pelos EUA na reunião de Miami, como uma forma de pressão sobre o Brasil e Argentina.
Outro assunto fora da agenda oficial será a dificuldade nas negociações entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os Estados Unidos fizeram grande pressão sobre o FMI para que fosse fechado em setembro um acordo com o país, mesmo sem o cumprimento de exigências do staff do Fundo pela Argentina.
O acordo provocou muita polêmica no Fundo e foi aprovado com um número recorde de votos cont