O Brasil tem grandes chances de conseguir eliminar os subsídios agrícolas, em cinco anos. É o que acreditam representantes do governo federal, que querem a proposta na próxima reunião do G-20, grupo de países em desenvolvimento criado para negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, chega nesta sexta-feira a Nova Déli, Índia, para representar o Brasil na discussão. A proposta deve ser oficializada nesta reunião.
– Temos uma possibilidade muito boa. Hoje em dia há uma perfeita percepção de que os subsídios à exportação são a maneira mais insidiosa de afetar os mercados agrícolas e que eles não se sustentam nem ética, nem economicamente e muito menos politicamente – disse o conselheiro Flavio Damico, chefe da Divisão de Agricultura do Itamaraty.
Segundo Damico, existe a expectativa de que os subsídios domésticos sejam mantidos, mas em nível bem mais baixo do que o atual.
Momentos decisivos
Criado na reunião ministerial da OMC em Cancún, em 2003, o G-20 já estabeleceu uma tradição de se reunir em momentos decisivos das negociações de liberalização do comércio mundial, segundo Damico.
– Em dezembro de 2003 tivemos uma reunião ministerial em Brasília que foi essencial para a retomada das negociações que se encontravam interrompidas desde Cancún – explica.
Os ministros dos países do grupo também se reuniram em junho de 2004, à margem da reunião da Unctad em São Paulo, e próximo às negociações que levaram ao acordo quadro de julho de 2004, que efetivamente deu ânimo à Rodada de Doha.
Nas reuniões de ministros do G-20, os países coordenam posições e definem qual será a plataforma de negociação conjunta, segundo o conselheiro.
– É isto que estamos fazendo agora com vistas a se ter uma primeira idéia se será possível alcançar resultados muito ambiciosos na reunião ministerial (da OMC) em Hong Kong, prevista para o mês de dezembro – disse.
Damico disse que dessa reunião em Nova Déli deve sair “uma declaração ministerial muito detalhada que vai plasmar as posições negociadoras do G20 e vão orientar a atuação de seus representantes”, até o fim do ano.