O presidente do Brasil declarou nesta segunda-feira que pretende investir no reaparelhamento das Forças Armadas. Em discurso após receber a Grã-cruz da Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar, no Quartel-general do Exército, Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que, apesar das “fronteiras pacíficas” com 10 países sul-americanos, o Brasil sofre “ações criminosas transnacionais que precisam ser prevenidas”.
Leia a íntegra do discurso.
“Recebo a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar com a mesma emoção e satisfação que em meu lugar sentiria, justificadamente, todo cidadão brasileiro.
“Ser hoje condecorado pelo Exército significa ser homenageado por uma instituição profundamente imbuída dos valores da democracia.
“As Forças Armadas brasileiras dão hoje exemplo de compromisso com os procedimentos democráticos de escolha dos governantes e de integral participação no dia-a-dia do Estado de Direito do nosso país.
“Se, para todo brasileiro, é extremamente honroso receber uma condecoração do nosso Exército, em meu caso essa honra adquire uma dimensão muito particular. Nela vejo uma homenagem não só a mim, pessoalmente, mas também, e sobretudo, um tributo ao processo de mudanças da sociedade brasileira.
“Ela simboliza a maturidade do nosso sistema político e atesta a capacidade do povo brasileiro de encontrar caminhos de renovação, que agora serão aprofundados em benefício das camadas mais pobres da população e em prol da correção de nossas gritantes injustiças sociais.
“É preciso um povo sadio para se ter uma nação forte e respeitada pelos outros países, que ocupe com dignidade seu lugar no mundo.
“É imprescindível dispor das Forças Armadas devidamente equipadas e adestradas para garantir a nossa soberania e a nossa integridade territorial, assegurar nosso poder de dissuasão e contribuir para a paz e a segurança internacionais.
“Evidentemente, os dois objetivos – o bem-estar do povo e a valorização das Forças Armadas – se complementam no fortalecimento da nação brasileira e de sua capacidade de defesa.
“São muitos os desafios com os quais o Governo tem de lidar na tarefa de recuperação do Brasil. O fato de uma prioridade demandar, em determinado momento, a atenção mais próxima do Governo em nada compromete a importância que outros objetivos detêm, como é o caso do reaparelhamento e do reforço dos meios de defesa. Vamos enfrentar cada desafio a seu tempo, e não deixaremos de enfrentá-los, um a um.
“Vivemos uma época de contenção orçamentária. Devemos sacrificar-nos para buscar o equilíbrio das contas públicas e temos grande urgência em combater a miséria e a exclusão social. Para a defesa adequada do Brasil, precisamos de bons soldados, saudáveis e instruídos.
“Podemos adiar temporariamente, mas não podemos postergar indefinidamente o reaparelhamento de nossas Forças Armadas. O Brasil tem fronteiras com dez países, todas elas pacíficas, e um enorme mar, livre de guerras. Mas há ações criminosas transnacionais que precisam ser prevenidas, vazios demográficos que precisam ser guardados, espaços aéreos que precisam ser vigiados e áreas marítimas que precisam ser patrulhadas. As Forças Armadas têm um dever essencial e, para cumpri-lo, têm de estar preparadas, equipadas e bem treinadas.
“Constitui fonte de segurança para a nação brasileira contar com o profissionalismo, o desprendimento e a devoção do Exército e das demais Forças Armadas, como instituições de Estado, que são e devem permanecer sempre apartidárias.
“É igualmente estimulante ver que elas se somam, de modo decidido, ao esforço de desenvolvimento social do Brasil, dispondo-se a integrar suas instalações e serviços às novas iniciativas nessa direção. Não causa surpresa que isso ocorra: na realidade, trata-se de aprofundar um trabalho social que o Exército e as demais Forças já fazem tradicionalmente, nos mais diversos rincões do país, muitas vezes sem a divulgação ou reconhecimento público que mereceria.
“No esforço para a melhor