Britânicos admitem que Parlamento esteve na mira da Al-Qaeda

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Publicado sexta-feira, 17 de setembro de 2004 as 09:23, por: CdB

O governo britânico disse na sexta-feira que a rede Al Qaeda tinha intenção de atacar o Parlamento britânico e determinou uma urgente reformulação nas medidas de segurança, depois de duas constrangedoras violações em um período de 24 horas.

– Os serviços de segurança me informaram há algum tempo que agentes da Al Qaeda na Grã-Bretanha estão focados no Parlamento – afirmou o líder do governo na Câmara dos Comuns (deputados), Peter Hain. Ele não deu detalhes, mas disse estar “muito determinado a agir a respeito”.

Muitos dizem que, após séculos sob o policiamento dos “men in tights” – guardas com uniformes tradicionais e armados com espadas – é hora de recorrer a profissionais mais atualizados.
Na quarta-feira, manifestantes favoráveis à caça da raposa invadiram o plenário sem serem incomodados. No dia seguinte um repórter disfarçado infiltrou um falso equipamento de fabricação de bombas dentro do prédio.

-“Esta é a era do terrorista suicida. O que eu quero é um novo diretor de segurança profissional, que tenha responsabilidade e autoridade sobre todo o Parlamento – disse Hain.

Hain chegou a cumprimentar o tablóide Sun por ter demonstrado como um jornalista foi contratado como garçom fornecendo referências falsas.

– E se, como expôs o Sun, fosse um suicida terrorista? Esta é a horripilante realidade que enfrentamos – afirmou ele à rádio BBC.

A invasão dos caçadores de raposa foi bem-sucedida apesar de ter sido, como admitiu um dos manifestantes, “planejada literalmente no verso de um envelope, 24 horas antes”.

– Todos nós nos dávamos uma chance em mil de que entraríamos, e entramos como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Foi risível – disse David Redvers, que negou ter recebido ajuda de alguém de dentro do Parlamento.

-“Foi assustadoramente simples – afirmou.
Os caçadores estavam vestidos como pedreiros e, a caminho do Parlamento, chegaram a fingir que eram o grupo pop Village People, cantando “YMCA”. “Para você ver como parecíamos estúpidos.”

Lá dentro, eles acabaram sendo derrubados no chão pelos guardas cerimoniais, numa cena farsesca que provocou risos mundo afora. Foi a primeira invasão do plenário britânico desde 1647.

Mas muitos alertam contra possíveis exageros de segurança em um Parlamento que se orgulha de ser aberto ao público. Robin Cook, antecessor de Hain no cargo, disse que ninguém se incomodou tanto em manifestações anteriores, como a de um homem que jogou esterco das galerias.

– Não podemos criar um Parlamento fortificado com uma democracia aberta – escreveu ele no jornal Independent.

Entres os caçadores de raposa estavam o filho do cantor de rock Bryan Ferry e companheiros de pólo dos príncipes herdeiros.

– Alguém acha que estaríamos nos sentindo melhor com o Parlamento nesta semana se Otis Ferry tivesse sido morto na porta da Câmara? – questionou Cook.