ButanVac gera resposta imune potente, aponta estudo 

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Publicado Terça, 28 de Setembro de 2021 às 07:58, por: CdB

 

Testes realizados na Tailândia indicam que candidata a vacina contra covid desenvolvida pelo Instituto Butantan é segura e apresentou forte imunogenicidade. Imunizante também está em teste no Brasil.

Por Redação, com DW - de Brasília

A ButanVac, candidata a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan, apresentou bons resultados em termos de segurança e resposta imunológica na primeira fase de estudos realizados em humanos. Os dados preliminares foram divulgados em artigo publicado na plataforma de pré-prints (versão preliminar, ainda não revisada por outros cientistas) MedRxiv na semana passada e noticiados pela imprensa brasileira na segunda-feira.
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Participaram do estudo na Tailândia 210 voluntários adultos
A vacina, chamada internacionalmente de NDV-HXP-S, está em desenvolvimento no Brasil, no Vietnã e na Tailândia, de onde provêm os resultados iniciais agora divulgados. Nesta fase 1 dos ensaios clínicos, 210 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 59 anos, receberam duas doses do imunizante com intervalo de 28 dias entre elas. Segundo o estudo tailandês, randomizado e controlado por placebo, a ButanVac apresentou um "perfil de segurança aceitável" e "imunogenicidade potente", ou seja, forte capacidade de gerar resposta imune. Os efeitos colaterais mais comuns relatados pelos voluntários foram dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça e dor muscular. Não houve nenhum efeito adverso grave. Os ensaios foram financiados pelo Instituto Nacional de Vacinas da Tailândia, o Conselho Nacional de Pesquisa da Tailândia, a Fundação Bill & Melinda Gates e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. Participaram pesquisadores da Universidade Mahidol, na Bangkok, da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, de Nova York, e da Universidade do Texas, em Austin. A ButanVac é resultado de um consórcio internacional que tem, como produtores públicos, o Butantan, o Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã e a Organização Farmacêutica Governamental da Tailândia.

Imunizante barato e fabricado inteiramente no Brasil

No Brasil, o início da produção da nova vacina pelo Instituto Butantan foi anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria, no fim de abril. O Instituto Butantan pretende que a ButanVac seja fabricada totalmente no Brasil com custos baixos, sem dependência de insumo importado – o que seria uma grande vantagem em relação à vacina da AstraZeneca e à Coronavac. O Butantan é responsável pelo envasamento local da Coronavac, de origem chinesa. O envasamento, que é a última etapa de produção, é feito a partir de matéria-prima importada da China. A ButanVac é feita a partir da técnica de vírus inativado, descrita pelo Butantan como uma das mais seguras do mundo, e usa a tecnologia de inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas, a mesma da vacina da gripe. De acordo com o instituto, além de ser barata e muito disseminada, especialmente em países emergentes, a técnica é uma especialidade do Butantan: o Instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos. A tecnologia da ButanVac, desenvolvida nos Estados Unidos, utiliza um vetor viral que contém a proteína spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina da gripe. Em contraste com o vírus da influenza, o vírus da Doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, sendo uma alternativa muito segura na produção. Além disso, o vírus é inativado para a formulação, facilitando sua estabilidade e deixando a vacina ainda mais segura. Após aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ensaios clínicos da ButanVac também já estão ocorrendo no Brasil - em Ribeirão Preto (SP), Guaxupé (MG), São Sebastião do Paraíso (MG) e Itamogi (MG). Testes também estão em andamento no Vietnã.
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