Caos domina Iraque um ano após queda de Saddam

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Publicado Sexta, 09 de Abril de 2004 às 08:23, por: CdB

A violência e o terror afastaram as esperanças de reconstrução e levaram o Iraque ainda mais ao caos exatamente no dia do primeiro aniversário da queda do regime de Saddam Hussein. Com várias cidades do sul xiita sublevadas e novos combates na região sunita ao norte de Bagdá, os iraquianos não acreditam mais que verão seu sonho de uma vida melhor virar realidade.

O dia começou com a morte de quinze iraquianos e seis peregrinos iranianos em Karbala por disparos das tropas búlgaras e polonesas destacadas nessa cidade santa xiita situada ao sul desta capital, segundo fontes hospitalares. Os 15 iraquianos eram membros da milícia rebelde xiita Exercito Al Mahdi, do clérigo Muqtada Al Sadr, que enfrentaram soldados do continente búlgaro destacado na localidade.

Os incidentes ocorrem às vésperas da celebração em Karbala da festa do Arbain, com a qual os xiitas lembram o assassinato de Al Hussein, filho do quarto califa depois do profeta Maomé, Ali bin Abu Taleb, no século VII.

Neste final de semana, milhões de pessoas devem se dirigir a localidade, a principal cidade santa xiita do Iraque junto à vizinha Nayef. Esta ultima era a única localidade que continuava ocupada pelos partidários de Muqtada hoje, depois da recuperação do controle de Al Kut pelas tropas americanas.

Ao meio-dia de hoje (hora local), o administrador civil do Iraque, o diplomata americano Paul Bremer, anunciou o fim das operações militares em Falluja, ao oeste de Bagdá. Segundo Bremer, o cessar-fogo ocorreu de maneira unilateral e por motivos humanitários depois que pelo menos 300 iraquianos morreram nos combates armados registrados desde o início da semana nessa cidade, considerada um das fortificações da rebelião contra a ocupação. Apesar do anúncio, as tropas americanas retomaram seus ataques em Falluja, sobre a qual aviões americanos continuaram seus bombardeios.

A escalada de violência também recomeçou em Bagdá, onde tropas americanas enfrentavam membros da resistência no distrito de Abu Gharib, no oeste da cidade, segundo testemunhas. As fontes não puderam informar a nacionalidade das vítimas desse combate armado - que aconteceu quando um comboio militar americano foi atacado pelos rebeldes -, mas asseguraram que vários dos veículos, que transportavam combustível e munição, foram incendiados depois de serem atingidos por disparos de lança-granadas.

Depois do incidente, pode-se ver grandes colunas de fumaça a centenas de metros do local do incidente, no que parecia o símbolo da destruição que assola este país um ano depois da derrubada de seu ex-ditador.

Ontem, três civis japoneses foram seqüestrados por um grupo até agora desconhecido que prometeu matá-los se as forças do Japão não deixassem o país árabe dentro de três dias a contar de quinta-feira. O governo japonês, criticado por ter enviado soldados para o território iraquiano, afirmou não ter planos de retirá-los dali.

Outros estrangeiros também foram seqüestrados no país, entre os quais dois palestinos com carteiras de identidade israelenses acusados de espionagem. Um britânico desapareceu na cidade de Nassirya. Um canadense de origem síria também foi seqüestrado.

Em discurso realizado ontem, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, rejeitou comparações com a Guerra do Vietnã, afirmando que o Iraque não era um "pântano que devoraria" a superpotência.

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