Capitalista declarado, Zuckerberg quer intervir nas eleições brasileiras

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Publicado Quinta, 22 de Março de 2018 às 13:14, por: CdB

Zuckerberg responde sobre os dados de mais de 50 milhões de perfis que teriam sido utilizados para fins politico-eleitorais; pela consultoria política Cambridge Analytica. Sem o consentimento dos internautas.

 

Por Redação, com agências internacionais - de San Francisco, CA-EUA

 

Do alto de seus 33 anos, o empresário Mark Zuckerberg declarou, nesta quinta-feira, que as eleições brasileiras, a serem realizadas, a priori, em outubro deste ano, será monitorada, de perto, pela máquina de comunicação que reúne milhões de usuários no país. Zuckerberg falou a jornalistas, nesta manhã, no momento mais delicado da empresa que decolou há 14 anos.

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Zuckerberg, CEO do Facebook, disse que as eleições no Brasil serão monitoradas

Os dados de mais de 50 milhões de perfis teriam sido utilizados para fins politico-eleitorais; pela consultoria política Cambridge Analytica. Sem o consentimento dos internautas. Mark Zuckerberg disse à rede norte-americana de TV CNN, que a situação "representou uma quebra de confiança”.

O Facebook sabe "da responsabilidade básica de proteger os dados dos usuários”, acrescentou. O cofundador da rede social ainda se desculpou pelo ocorrido e comentou também sobre o Brasil e a eleição presidencial que acontece neste ano.

Vazamento

Durante a entrevista, o bilionário foi perguntado sobre como o Facebook está lidando com a intromissão eleitoral na plataforma. Ele demonstrou preocupação e afirmou que a questão das fake news deve ser combatida. Mas não entrou em detalhes.

— Há uma grande eleição no Brasil. Pode apostar que estamos realmente comprometidos em fazer tudo o que for necessário para garantir a integridade dela no Facebook — disse o integrantes das forças de direita norte-americanas.

Zuckerberg disse, ainda, que a responsabilidade agora é garantir que outro vazamento como esse nunca mais aconteça.

— Há algumas coisas básicas que acho que precisamos fazer para garantir isso. Uma é ter certeza que desenvolvedores como Aleksandr Kogan, que tiveram acesso a muitas informações e, em seguida, usaram de forma inadequada, simplesmente não tenham esse acesso no futuro — acrescentou

Testemunho

O empresário ponderou, ainda, que a empresa agiu de forma errada diante da Cambridge Analytica, consultoria política ligada à campanha presidencial de Donald Trump. Garantiu, em seguida, que não pretende cometer o erro mais uma vez.

— Essa é nossa responsabilidade para com nossa comunidade, vamos garantir que os dados que eles compartilham conosco sejam protegidos — disse. A garantia, no entanto, não foi de grande valia diante dos investidores, que mantiveram o movimento de queda nos preços nominais dos papéis.

Quando perguntado se tomará medidas legais contra a consultoria, ele afirmou que a primeira coisa que o Facebook fará é concluir a auditoria na empresa.

— A resposta curta é que, se entrarmos e descobrirmos que a Cambridge Analytica ainda tem acesso aos dados, vamos tomar todas as medidas legais que pudermos para impedir que os dados dos nossos usuários sejam usados novamente — aderiu.

O vazamento de dados levantou questões éticas da empresa, que está sendo investigada nos Estados Unidos e no Reino Unido. Outra questão discutida na entrevista foi justamente a aparição de Zuckerberg para testemunhar sobre a situação em ambos os países, algo que pessoalmente nunca fez.

— Ficarei feliz em ir, se for a coisa certa a fazer — afirmou.

Regulamentação

Zuckerberg também foi questionado sobre uma regulamentação do Facebook e não dispensou a ideia.

— Na verdade, não tenho certeza de que não devemos ser regulamentados. Eu acho que, em geral, a tecnologia é uma tendência cada vez mais importante no mundo. Eu, realmente, acho que a questão é mais sobre qual é a regulação correta, em vez de 'sim ou não, deve ser regulamentada?’ — ponderou.

O especialista em Tecnologia da Informação disse, ainda, que há coisas como a regulamentação de transparência de anúncios que ele "adoraria ver".

— Se você observar a quantidade de regulamentações em torno da publicidade na TV e na mídia impressa, não fica claro por que deveria haver menos na internet. Devemos ter o mesmo nível de transparência exigido. Estamos comprometidos e na verdade já começamos a implantar ferramentas de transparência de anúncios — completou.

Privacidade

Embora Zuckerberg tenha falado publicamente, não foi o suficiente. Pelo menos para os críticos, que pedem mais explicações. Parlamentares norte-americanos não ficaram satisfeitos, segundo informações da agência norte-americana de notícias econômicas Bloomberg.

— Isso não é suficiente. Mark Zuckerberg precisa depor no Congresso — afirmou o deputado norte-americano democrata David Cicilline. O representante de Rhode Island, em postagem no Facebook, declarou-se em resposta às afirmações do CEO.

Ainda de acordo com a agência, outros parlamentares como senadora norte-americana Amy Klobuchar, democrata de Minnesota; e o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, também acharam pouco.

— Desculpas não substituem perguntas e respostas sob juramento. O Congresso não tem conseguido responsabilizar o Facebook e legislar sobre proteções à privacidade, que são manifestamente necessárias — disse Blumenthal.

‘Quebre coisas’

Durante a rodada de entrevistas, os arredores da sede do Facebook, nesta manhã, eram um enxame de veículos de imprensa fazendo imagens da fachada. Um lembrete do caráter efêmero do setor dos gigantes tecnológicos, no vale do Silício, enquanto os vigilantes tentavam dispersá-los.

Depois do maior escândalo desde a criação da rede social, o fundador quer deixar para trás o lema institucional: “Mexa-se rápido e quebre coisas”. Colocado em perspectiva, talvez tenham quebrado mais coisas do que deveriam.

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