Pressionado pelos moradores do Bairro Jardim Brasil e pelo Ministério Público do Meio Ambiente o músico Carlinhos Brown anunciou em audiência pública que pretende cancelar a partir do próximo ano a temporada de shows de verão da Timbalada em Salvador e fechar o Candyall Guetho Square, casa de shows construída na comunidade que o compositor nasceu, o Candeal Pequeno, bairro popular onde ele desenvolve vários projetos comunitários.
A casa de shows já havia sido fechada no ano passado por determinação do Ministério Público e só deveria reabrir com tratamento acústico para evitar que os poderosos tambores dos timbaleiros incomodassem os vizinhos. Após algumas obras o Candyall reabriu no final do ano passado, mas os problemas continuaram pois os shows atraem para uma área eminentemente residencial milhares de pessoas ocasionando brigas, fechamento de ruas e tumulto. Os que se sentem mais prejudicados são os moradores do Bairro Jardim Brasil, de classe-média, um dos acessos ao Guetho, que pediram providências ao Ministério Público.
Brown sempre achou que os ensaios da Timbalada (que rendem para seus promotores cerca de R$ 130 mil por domingo) movimentam a comunidade do Candeal Pequeno, pois muitos moradores trabalham como vendedores ambulantes nos dias de apresentação.
Diante da impossibilidade de uma solução que atenda ambas as partes, Brown, que nunca quis levar os ensaios da Timbalada para outra casa de espetáculos de Salvador, perdeu a paciência na audiência pública realizada no final da tarde de ontem, entre timbaleiros, MP e representantes de associação de moradores.
“Vou arrumar um lugar fora de Salvador e não vou fazer ensaios lá a partir do ano que vem”, disse, aventando a possibilidade de pedir “asilo cultural na Espanha” por “não agüentar mais a intelectualidade brasileira”.