‘02’ diz que pretende se mudar para o Texas e fugir do cerco ao ‘Gabinete do ódio’

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Publicado Sexta, 10 de Julho de 2020 às 13:19, por: CdB

“Aos poucos vou me retirando do que sempre defendi. Creio que possa ter chegado o momento de um novo movimento pessoal. Estou cagando para esse lixo de fake news e demais narrativas. Precisamos viver e nos respeitar”, escreveu em uma rede social.

Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro

O filho ’02’ do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ou Carluxo, como também é conhecido o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), já cogita uma saída estratégica do radar de jornalistas, promotores e até da Polícia Federal (PF). Chefe do ‘Gabinete do ódio’, segundo denúncia em fase de apuração na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, ’02’ diz estar vivendo “um novo movimento pessoal”, sem especificar a que se referia.

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O vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), ou Carluxo, como é conhecido, seria o comandante do 'Gabinete do Ódio'

“Aos poucos vou me retirando do que sempre defendi. Creio que possa ter chegado o momento de um novo movimento pessoal. Estou cagando para esse lixo de fake news e demais narrativas. Precisamos viver e nos respeitar”, escreveu em uma rede social.

Na realidade, o “Gabinete do ódio”, uma espécie de quartel-general que coordena os ataques bolsonaristas aos adversários do mandatário neofascista, ora no poder, tem sofrido um cerco por parte do Congresso e do Judiciário. Em face dos inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e, mais recentemente, pela punição do próprio Facebook, o presidente Jair Bolsonaro tem tentado se distanciar da militância mais radical, na tentativa de se manter no Palácio do Planalto.

Campanha

A decisão do pai, contudo, tem sido cáustica para o filho mais proeminente nos grupos de ódio que alimentam, na internet. Na mensagem deixada no Twitter, Carluxo não esconde sua contrariedade.

A mensagem deixada nesta quinta-feira ocorre um dia depois de o Facebook remover uma rede com 73 contas falsas ligadas ao presidente, a seus filhos e aliados. Relatório da plataforma apontou o assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud Tomaz, como um dos responsáveis por movimentar os perfis e robôs que integram a iniciativa criminosa.

Tomaz foi identificado como homem de confiança de Carlos, de quem foi assessor na Câmara de Vereadores no Rio e atuou na campanha eleitoral de Bolsonaro. Ao lado de José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz, também assessores da Presidência, Tercio seria um dos integrantes do “Gabinete do ódio”. A existência do núcleo responsável pela militância digital bolsonarista, responsável por ameaças de morte a familiares de ministros do STF, entre outras autoridades, gerou um processo na Corte, em vias de ser concluído.

‘Não tem nada’

A exposição de Tomaz foi decisiva para que o vereador anunciasse o seu afastamento da vida pública. Aos colaboradores mais próximos, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, o filho ’02’ diz que não será candidato à reeleição para a Câmara dos Vereadores do Rio. Tem dito, ainda, que pretende sair do país e morar nos EUA; provavelmente no Texas, onde teria aliados.

Bolsonaro também não descarta a possibilidade de viver em Brasília “para ficar mais perto do pai”, diz ele, ainda que as recentes divergências sobre os rumos do governo o tenham afastado do Palácio do Planalto.

“A onda agora está para dizer que as páginas da família Bolsonaro, de assessores que ganham dinheiro público para isso promovem o ódio. (...) Me apontem um texto meu de ódio ou dessas pessoas que estão do meu lado. Apontem uma imagem minha de ódio, no meu Facebook, dos meus filhos. Não tem nada”, disse o presidente Bolsonaro, na véspera, em sua primeira transmissão ao vivo após a ação do Facebook.

A resposta, no entanto, foi rápida. Não faltam memes e publicações que expõem, um a um, os ataques do ‘Gabinete do ódio’ à vítimas do esquema digital. Entre eles, o ministro Alexandre de Moraes, que tem sido alvo de bolsonaristas que desejam ver sua filha estuprada e sua família alvo de atiradores.

Na bolha

Aos opositores, Carluxo tem dito que “surpresas virão”, em outra publicação no Twitter. “Ninguém é insubstituível e jamais seria pedante de me colocar neste patamar! Todos queremos o melhor para o Brasil e que ele vença! Apenas uma escolha pessoal pois todos somos seres humanos! Seguimos! E surpresas virão! Não comemorem, escória”, ameaçou.

Assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, o olavista Filipe Martins foi às redes sociais, nas últimas horas, pedir a união dos aliados, atualmente em plena debandada.

“Saiam da bolha em que nos metemos. Sejam persuasivos. Expliquem o que está acontecendo, mostrem o que está em jogo e convençam mais pessoas a lutar ao nosso lado”, apelou Martins, sem sucesso.

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