Cartas à democracia servem de antídoto à ‘setembrada’ bolsonarista

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Publicado quarta-feira, 10 de agosto de 2022 as 14:39, por: CdB

Os pesquisadores da UFMG identificaram mais de 4 mil mensagens. O 7 de setembro é mencionado em conteúdos divulgados em 469 de 1 mil grupos de WhatsApp que são monitorados. Destas, 69% circularam em grupos de direita. A mensagem de texto mais compartilhada nos grupos do aplicativo fala em “meter o pé na porta do STF.

Por Redação, com RBA – de São Paulo

Relatório do ‘Monitor de WhatsApp’, um centro de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revela nesta quarta-feira que “explodiu” a quantidade de mensagens com manifestações golpistas relacionadas ao 7 de Setembro. O tom golpista é amplificado em grupos do aplicativo.

Bolsonaro
Bolsonaro saiu do último 7 de Setembro como um baderneiro, derrotado no intuito de promover um golpe de Estado, mas quer tentar de novo

Os conteúdos mencionam pedidos de intervenção militar e destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e também atacam as urnas eletrônicas. Na última semana de julho, houve crescimento de 290% na circulação desse tipo de conteúdo. Os dados foram divulgados pela repórter Patrícia Campos Mello, na edição passada do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo.

Os pesquisadores da UFMG identificaram mais de 4 mil mensagens. O 7 de setembro é mencionado em conteúdos divulgados em 469 de 1 mil grupos de WhatsApp que são monitorados. Destas, 69% circularam em grupos de direita. A mensagem de texto mais compartilhada nos grupos do aplicativo fala em “meter o pé na porta do STF, do Congresso e de mais onde for preciso”.

Caravanas

Outras vão na mesma linha das declarações do presidente Jair Bolsonaro.

— Bolsonaro convocou apoiadores a se unirem a ele no 7 de Setembro, e isso se refletiu, naturalmente, em grupos de WhatsApp e Telegram, que têm apresentado uma grande mobilização, com a organização de caravanas ou conversas sobre o 7 de Setembro como a última vez em que vão às ruas — afirmou à reportagem o professor de ciência da computação da UFMG Fabrício Benevenuto, coordenador do projeto Eleições sem Fake.

Mal nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro voltou à carga contra as instituições democráticas. Assim, principal investida ocorreu no mês passado, quando convocou embaixadores para desqualificar, perante o mundo, o sistema eleitoral brasileiro. Na ocasião, disse que o Brasil só terá “paz” caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adote medidas recomendadas pelas Forças Armadas para alterar o sistema de apuração dos votos.

Posteriormente, na convenção do PL que oficializou sua candidatura, o presidente convocou apoiadores para irem às ruas no 7 de Setembro.

— Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de Setembro, vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez”, disse na ocasião, sob gritos de “mito — afirmou.

Antídoto

Para o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns, não há dúvidas quanto aos riscos que Bolsonaro representa à democracia.

— Não tenho a menor dúvida que estamos lutando contra o golpe que está para acontecer — afirmou à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta manhã. Especificamente sobre o 7 de setembro golpista em Copacabana, ele descreveu como “um risco imenso à segurança de cada um de nós”.

No entanto, diante dos arroubos autoritários de Bolsonaro, a sociedade se uniu. Nesta quinta-feira, diversos atos e manifestações se levantam para marcar a defesa da democracia. Nesse dia, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), ocorrerá a leitura de dois documentos.

Democracia

Primeiramente, o manifesto ‘Em Defesa da Democracia e da Justiça’. A iniciativa da Fiesp recebeu apoio também das centrais sindicais e dezenas de entidades da sociedade.

Na sequência, ex-alunos do Largo do São Francisco apresentam a ‘Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito’, que já conta com mais de 820 mil adesões entre juristas, intelectuais, empresários, banqueiros e artistas. Simultaneamente, a carta também será lida em diversas outras localidades do país.

Ao longo do dia, também haverá manifestações em defesa da democracia e contra a violência política. Em pelo menos 21 capitais, os movimentos que fazem parte da campanha “Fora, Bolsonaro” estarão nas ruas. Para lembrar o Dia do Estudante, o movimento estudantil também deve marcar presença para denunciar os cortes na Educação e as ameaças de Bolsonaro à democracia brasileira.

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