A caçada policial a uma quadrilha de assaltantes parou, no final da manhã da última quarta-feira, o Centro de Belo Horizonte. Após atacarem uma casa de câmbio na Rua São Paulo, os criminosos, surpreendidos pela Polícia Militar, fugiram de carro em alta velocidade até que um deles foi encurralado em uma pastelaria no Edifício Maletta, na Rua da Bahia, onde fez cinco reféns.
Um dos reféns, uma cliente, foi mantida com um revólver encostado em seu pescoço por cerca de 15 minutos. Leonardo Gomes da Silva, 22 anos -condenado a mais de 22 anos de prisão por assalto e com dezenas de processos em andamento na Justiça -, somente se entregou com a chegada da Imprensa. Ele foi levado para a Delegacia de Furtos e Roubos, onde confessou participação no assalto.
O erro de Leonardo foi buscar refúgio em uma lanchonete situada a menos de 50 metros da sede da 4ª Companhia da PM, de onde dezenas de militares correram para cercar a pastelaria.
O trânsito no Centro de BH, que já estava confuso por causa da perseguição motorizada, foi tomado pelo caos quando o tráfego na Rua da Bahia foi fechado – entre Avenida Augusto de Lima e Rua dos Guajajaras – para a negociação com o assaltante entrincheirado.
Ao se render, Leonardo jogou um revólver calibre 38 para fora da loja e foi agarrado por inúmeros policiais. Nenhum dos reféns foi ferido. Além dele, a PM prendeu um homem identificado como Ronaldo Gonçalves Rocha, 33 anos, suspeito de ter dado fuga aos criminosos em sua Kombi.
Ele negou envolvimento no assalto e disse que, sob a mira de armas, foi obrigado a ajudar os criminosos a fugir. Uma mulher identificada somente pelo prenome Meire e um quarto homem conseguiram fugir.
O assalto à casa de câmbio -que ocupa duas salas em um edifício no número 900 da Rua São Paulo – aconteceu por volta das 11 horas. Os bandidos roubaram mais de US$ 10 mil, R$ 2.863,00, cinco euros, além de telefones celulares. Uma viatura da Rotam teria passado pelas imediações no exato momento em que a quadrilha fugia.
Nessa região, a visão de armas em punho deixou em pânico quem passou pelo local. Além de dezenas de homens da PM, também participam da caçada policiais da Delegacia de Furtos e Roubos e do Deoesp.
– Quando o assaltante entrou correndo na pastelaria, todo mundo se assustou e saiu correndo – contou a dona da pastelaria, que pediu para que não fosse identificada.
– Fiquei apavorada com tudo aquilo e pensei que ia morrer – lamenta.
Em meio ao cerco policial, uma multidão de curiosos, mantida afastada por um cordão de isolamento, gritava em coro: ‘prende, mata, mata!’.
– Nunca pensei que ia passar por uma situação igual a essa – contou uma balconista.
– Já vi muitas vezes casos iguais a este pela TV, mas nunca pensei que pudesse acontecer comigo. Fiquei apavorada com aquele homem armado e nervoso, e a polícia do lado de fora – completou.
– Ele encostou o revólver no meu pescoço e percebi que ele estava engatilhado – lembrou, entre lágrimas, a cliente da pastelaria que foi usada como escudo por Leonardo.
– Não conseguia pensar em mais nada, só via aquela arma no meu pescoço. Nunca tive tanto medo na minha vida – lamentou.
Centro de BH pára com assalto
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Publicado quinta-feira, 4 de março de 2004 as 06:04, por: CdB