Chacina em bar deixa mortos no Pará

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Publicado Segunda, 20 de Maio de 2019 às 09:10, por: CdB

Crime ocorreu no bairro do Guamá, o mais denso da capital estadual, Belém. Em março, região havia recebido reforço de agentes federais para conter avanço da criminalidade. Imprensa internacional repercute mortes.

Por Redação, com DW e Reuters  - de Brasília/São Paulo Pelo menos 11 pessoas morreram e uma ficou ferida numa chacina na tarde de domingo em um bar de Belém, capital do Pará. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Segup). As vítimas são seis mulheres (entre elas, a dona do bar) e cinco homens. A polícia afirma que tem várias linhas de investigação, incluindo o tráfico de drogas. Até o começo da manhã desta segunda-feira, ninguém havia sido preso.
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Belém é a terceira capital mais violenta do Brasil
Um vídeo gravado pouco depois dos disparos mostra várias vítimas baleadas e caídas no chão do estabelecimento e uma deitada em cima do balcão do bar. De acordo com o secretário de segurança pública do Pará, Ualame Machado, a maioria foi baleada na cabeça. Ele também acrescentou que havia mais pessoas no bar, mas elas conseguiram fugir pelos fundos. O portal de notícias G1 informou que uma festa ocorria no local quando sete homens encapuzados chegaram em uma moto e três carros e dispararam contra as vítimas. O Pará é o oitavo estado mais violento do país, com uma taxa de 53,4 homicídios a cada 100 mil habitantes, acima da taxa nacional, de 30,8, segundo dados de 2017 da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Belém é a terceira capital mais violenta do Brasil, com 67,5 homicídios a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Rio Branco (Acre, 83,7) e Fortaleza (Ceará, 77,3). Nos últimos anos, o Estado do Pará registrou várias chacinas. A maior onda de assassinatos foi em janeiro de 2017, quando 28 pessoas foram assassinadas num intervalo de 24 horas após a morte de um policial. No final de março deste ano, o governo federal enviou mais de 200 homens da Guarda Nacional a Belém para reforçar a segurança na cidade por 90 dias. A escalada da violência parece estar atingindo cidades em todo o Brasil. O grupo Fogo Cruzado, que monitora tiroteios no Rio de Janeiro e região metropolitana, disse que houve 2.300 casos apenas nos primeiros 100 dias deste ano. No sábado, cinco pessoas, entre elas uma criança de 12 anos e um adolescente de 15, foram mortas a tiros, em São Paulo, por quatro homens que ainda não foram identificados. No mesmo dia, na cidade de Lauro de Freitas (região metropolitana de Salvador), seis pessoas, incluindo dois adolescentes, foram mortos com disparos de armas de fogo. O crime em Belém teve ampla repercussão na imprensa internacional. O diário britânico The Guardian, por exemplo, explicou que "muita da violência no Brasil tem relação com gangues. Em janeiro, grupos realizaram ataques em Fortaleza, paralisando o comércio e o transporte público da cidade". O jornal também mencionou a intenção do presidente Jair Bolsonaro de "afrouxar as rígidas leis armamentistas brasileiras" e os decretos assinados pelo presidente para facilitar a posse e o porte de armas.

Corrupção de gigantes

O Federal Bureau of Investigation (FBI, a Polícia Federal norte-americana) investiga as gigantes Johnson & Johnson, Siemens, General Electric e Philips por suposto pagamento de subornos como parte de um esquema envolvendo a venda de equipamentos médicos no Brasil. Foi o que disseram duas autoridades envolvidas na investigação brasileira à agência inglesa de notícias Reuters, na sexta-feira. Procuradores do Ministério Público Federal suspeitam que as empresas tenham realizado pagamentos ilegais a autoridades públicas para garantir contratos na área de saúde pública no país ao longo das últimas duas décadas. Autoridades brasileiras dizem que mais de 20 empresas podem ter participado de um “cartel” que pagava propinas e cobrava preços inflacionados por equipamentos médicos, como máquinas de ressonância magnética e próteses. As quatro multinacionais, que juntas têm valor de mercado de quase US$ 600 bilhões, são as maiores empresas estrangeiras a serem investigadas no âmbito das diversas operações anticorrupção no Brasil deflagradas nos últimos anos.

Ferrari

Grandes empresas norte-americanas e europeias que tenham envolvimento comprovado em irregularidades no Brasil também podem enfrentar multas pesadas e outras punições, de acordo com a Lei de Práticas Corruptas no Exterior dos Estados Unidos (FCPA). Desde 1977, a lei tornou ilegal cidadãos e empresas norte-americanas ou empresas estrangeiras que tenham ações listadas nos EUA pagarem autoridades estrangeiras para fechar negócios. Em entrevista à agência, a procuradora federal Marisa Ferrari confirmou que autoridades do Departamento de Justiça dos EUA e da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA) estão auxiliando a investigação brasileira sobre equipamentos médicos que ela ajuda a comandar. — A gente está sempre compartilhando informações sobre esta investigação com o FBI. Pedem documentos, a gente encaminha, e eles estão investigando também. A gente já recebeu muito material do Departamento de Justiça, da SEC. Enfim, estamos em contato com eles permanentemente — disse Ferrari. Ela não quis identificar quais empresas as agências de cumprimento da lei dos EUA estão investigando.

Investigações

O FBI não quis confirmar nem negar a existência de qualquer investigação. A SEC, que também investiga alegações da FCPA, disse por email que não comentará. Sediada em Boston, a GE não quis comentar qualquer investigação relacionada ao seu negócio no Brasil, dizendo em um comunicado enviado por email que “estamos comprometidos com a integridade, a conformidade e o Estado de Direito no Brasil e em todo país em que fazemos negócios”. A Siemens, que tem sede em Munique, disse em um comunicado enviado por email que a empresa “não está ciente de nenhuma investigação do FBI sobre a companhia relacionada a uma atividade de cartel no Brasil” e que sua política é de sempre cooperar com investigações das forças da lei quando elas ocorrem. A Philips, sediada em Amsterdã, confirmou em um email que está sendo investigada no Brasil. Em seu relatório anual de 2018, a Philips reconheceu que “também recebeu indagações de certas autoridades dos EUA a respeito desta questão”. Em resposta enviada por email à Reuters, a Philips disse que “não é incomum autoridades dos EUA mostrarem interesse nestas questões, e que é cedo demais para chegar a qualquer conclusão”. Com sedes em New Brunswick e New Jersey, a Johnson & Johnson disse em uma resposta enviada por email que o Departamento de Justiça e a SEC “fizeram indagações preliminares à companhia” no tocante a uma operação da Polícia Federal brasileira sobre seus escritórios em São Paulo no ano passado e que está cooperando.
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