Chanceler indicado por Bolsonaro é alvo de piadas no exterior

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Publicado Sexta, 16 de Novembro de 2018 às 13:22, por: CdB

O chanceler indicado era, “até recentemente, um funcionário de nível médio que escreve sobre a 'criminalização' da carne vermelha, petróleo e sexo heterossexual”, diz o diário britânico The Guardian.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Brasília, Londres e Moscou
  A repercussão internacional à nomeação do diplomata Ernesto Araújo para o cargo de ministro das Relações Exteriores não poderia ter sido pior. Ridicularizado até na mídia conservadora norte-americana por afirmar que o nazismo seria um movimento de esquerda, Araújo foi motivo de piada na edição desta sexta-feira do The Guardian, o jornal de maiores credibilidade e circulação no Reino Unido.
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O futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, acredita que nazismo é ideologia de esquerda
Sob o título é: "Novo ministro das Relações Exteriores do Brasil acredita que mudança climática é uma trama marxista”, o Guardian afirma que o chanceler indicado, “até recentemente um funcionário de nível médio que escreve sobre a 'criminalização' da carne vermelha, petróleo e sexo heterossexual - se tornará o principal diplomata do maior país da América do Sul”.

‘Dogma’

Araújo representará “200 milhões de pessoas e a maior e mais biodiversa floresta da Terra, a Amazônia. Sua nomeação, confirmada por Bolsonaro na quarta-feira, deve causar um arrepio no movimento climático global", afirma reportagem do diário britânico. O Guardian assinala, ainda, que o Brasil foi onde a comunidade internacional se reuniu pela primeira vez em 1992 para discutir reduções nas emissões de gases de efeito estufa. Se não bastasse, os diplomatas brasileiros vinham desempenhado um papel crucial na redução das distâncias entre nações ricas e pobres, particularmente durante a construção do acordo de Paris em 2015. "Mas quando o novo governo tomar o poder em janeiro, o Ministério das Relações Exteriores que lidera esse trabalho será encabeçado por um homem que afirma que a ciência do clima é meramente 'dogma'", acrescentou.

Nazismo

Na esteira da discussão sobre o crescimento mundial dos movimentos lastreados no ideário nazista, e muitos deles apoiam o governo recém-eleito no Brasil, a glorificação da ideologia que levou a Alemanha à II Grande Guerra tem ocasionado perigosas consequências na forma de conflitos internos. O ponto de vista é do senador Andrei Klishas, chefe do Comitê Legislativo do Conselho da Federação da Rússia. Na véspera, o Terceiro Comitê da Assembleia Geral da ONU adotou o projeto de resolução, sugerido por uma série de países, incluindo a Rússia, contra a glorificação do nazismo. Na votação, 130 países foram a favor, 51 se abstiveram e apenas dois votaram contra — os Estados Unidos e a Ucrânia. — Não é segredo que a glorificação do nazismo, infelizmente, tem lugar em uma série de governos atualmente, podendo ocasionar perigosas consequências na forma de conflitos internos. A história mundial conhece outros exemplos de consequências extremamente negativas da manifestação dos ideais nazistas, que levaram muitas vezes ao genocídio, sendo um dos casos mais sangrentos o de Ruanda em 1994 — afirmou Klishas à agência russa de notícias Sputnik.

Flerte

Segundo ele, a recusa dos Estados Unidos e da Ucrânia a apoiar a resolução da ONU contra a glorificação do nazismo demonstra que eles não desejam aderir aos "princípios e ideais fundamentais da moderna ordem mundial”. — O fato de alguns países terem esquecido lições históricas pode ter consequências duradouras, especialmente em política interna. Flerte com ideais nazistas nunca dá bons resultados — disse Klishas. O senador afirmou que no sistema de relações internacionais, não há consenso completo sobre o problema da glorificação do nazismo. Alguns países tentam reabilitar ideias que causaram muitos conflitos sangrentos no passado para usá-las com interesses políticos.
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