Chávez promete corrigir erros na volta ao poder

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Publicado segunda-feira, 15 de abril de 2002 as 15:32, por: CdB

O presidente da Venezuela Hugo Chávez, que na madrugada de domingo fez um surpreendente retorno ao poder, dois dias após ser destituído, adotou um tom de conciliação, num pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, afirmando que refletiu sobre seus erros e acrescentando que estava preparado para corrigi-los. Ainda no discurso, Chávez fez um agradecimento ao corpo de pára-quedistas das Forças Armadas, que permaneceu leal, declarando: “Eu sempre estarei com vocês”.

Os simpatizantes e os oponentes do presidente aguardam com expectativa os próximos passos a serem tomados pelo governo e vêem com apreensão uma divisão nas Forças Armadas e os problemas na condução da companhia estatal de petróleo. O país está entre os maiores exportadores de petróleo e os principais fornecedores de combustíveis para os Estados Unidos.

A rebelião em setores das Forças Armadas, de acordo com analistas políticos, poderia também resultar em mais derramamento de sangue e instabilidade. O general Belisario Landis, comandante da Guarda Nacional, admitiu no domingo que a divisão nas Forças Armadas seria de difícil superação. “Eu reconheço que houve uma ruptura… e nós devemos consertar isso da melhor maneira possível”, disse.

O número de pessoas mortas durante a rebelião que se seguiu à derrubada de Chávez, na sexta-feira, ainda está sendo contado. Mas uma calma relativa voltou às ruas de Caracas, no domingo, embora tivessem sido registrados saques. Um relatório divulgado por dois grupos locais de defesa dos direitos humanos, a Cofavic e a comissão de direitos humanos da Arquidiocese de Caracas, informou que 23 pessoas foram mortas no sábado. Os autores do documento responsabilizam as forças de segurança pela maioria das mortes e testemunhas disseram que policiais dispararam contra manifestantes favoráveis a Chávez em vários bairros pobres da capital.

Em um de seus primeiros anúncios após retornar à presidência, Chávez disse que a junta de diretores que havia nomeado para a companhia de petróleo, que abriu uma crise com os principais executivos da empresa, havia renunciado. As nomeações, na semana passada, levaram à decretação de uma greve geral, à convocação de uma grande manifestação contra Chávez e à breve deposição do presidente.

Um dos principais adversários de Chávez, o prefeito de Caracas Alfredo Peña, disse que a promessa de reconciliação feita pelo presidente abre o caminho para o fortalecimento da democracia no país. Mas o prefeito também criticou um ataque armado a seu gabinete, realizado no sábado passado por uma multidão que seria formada por simpatizantes de Chávez.