Sobre a decisão da Executiva Nacional do PT – tomada por 12 votos a cinco – de punir com 60 dias de suspensão dos direitos partidários os deputados que não apoiaram a reforma da Previdência, o deputado petista do Rio de Janeiro Chico Alencar liberou, ontem à noite, uma nota de protesto.
Leia o texto, na íntegra:
“A decisão foi pesada. Revela que a maioria da direção do PT, hoje, opera com grande liberalidade nas relações políticas na sociedade, aliando-se até a adversários de direita, como o carlismo e o jaderismo, mas, nas relações internas, age de forma dura, inspirada na velha tradição do centralismo bolchevique.
“O voto de abstenção – objeto também de interpretação sectária por algumas liderança sindicais com interesses políticos menores – foi um “Não” respeitoso ao projeto e uma sinalização da disposição de diálogo com o Partido. A maioria da Executiva, porém, parece preferir a decisão vertical de rigor disciplinar.
A punição atinge, indiretamente, a CUT, a Universidade, setores importantes do Serviço Público e parte da militância do próprio PT, que sempre questionaram este tipo de mudança fiscalista na Previdência Pública. Questionamento que, aliás, ficou claro no próprio Seminário sobre o tema organizado pelo Diretório Nacional, em maio passado. Nosso voto expressou a opinião destes segmentos. Não cogitamos sair do PT e continuaremos construindo o Partido, na linha histórica forjada nesses 23 anos. Nós estamos suspensos, mas o projeto e as propostas partidárias não. Amanhã, em Brasília, decidiremos quanto ao recurso ao Diretório Nacional.
Chico Alencar é deputado federal, PT/RJ, e pré-candidato petista à Prefeitura do Rio.