As gangues na China podem ter até um milhão de membros, mas, apesar de seu conluio com as autoridades, nenhuma é liderada por um chefão da máfia ao estilo das sociedades secretas do passado, afirma hoje uma agência de notícias do país.
Sindicatos do crime organizado são um problema crescente criado pela corrupção governamental e a pobreza generalizada, de acordo com a reportagem, que foi baseada em um artigo publicado por um professor de Direito no jornal estatal Youth Daily.
“Conforme cresciam, essas organizações criminosas passaram dos crimes simples, como contrabando e distribuição de drogas, para se intrometer profunda e extensamente na política, na economia e em outras áreas da vida social”, diz a reportagem.
Cai Shaoqing, um especialista em crime organizado da Universidade de Nanjing, estima que o número de membros de gangues na China esteja perto de um milhão. As autoridades recentemente proferiram um duro golpe contra o maior grupo criminoso da China moderna, na cidade de Qiqihar, na província de Heilongjiang, no nordeste do país. Na operação, foram confiscados 120 milhões de iuanes (US$ 15 milhões) e 126 pessoas foram presas, incluindo mais de 10 juízes e funcionários de departamentos da polícia e de centros de detenção.
O chefe da gangue foi identificado como Zhang Wanwen, uma autoridade de Qiqihar. “Eu quero ser o big brother de Qiqihar, de Heilongjiang e de todo o nordeste da China ¿ ser um chefão que todo mundo respeite”, disse Zhang segundo a reportagem. Mas Zhang e sua gangue estão longe de ser um grupo equivalente à máfia italiana. Eles se apóiam puramente na violência e não oferecem justiça aos desprivilegiados.
O crime organizado faz parte da sociedade chinesa há séculos. Durante os anos 1920 e 1930, Xangai, em seu período mais próspero, foi virtualmente administrada pela famosa “Gangue Verde”, liderada por Du “Orelhas Grandes”. As gangues estavam envolvidas principalmente com drogas, mas o tráfico de pessoas é agora uma atividade comum na China, seja através da venda de mulheres e crianças ou do contrabando de pessoas para outros países.
O artigo prevê ainda um crescimento do crime organizado. “O enorme número de vagabundos e pessoas pobres na China são um terreno propício para as gangues, o que dificulta a luta do país contra o crime organizado”, disse a reportagem. “Em tempos de corrupção governamental, desigualdade social e declínio da virtude, as pessoas podem preferir os grupos criminosos ao governo quando precisem de proteção e justiça. E isso pode ser uma tragédia”.