Cientistas decifram genoma do parasita da malária

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Publicado Quarta, 02 de Outubro de 2002 às 20:26, por: CdB

Novas pistas sobre uma das doenças mais antigas e devastadoras do mundo, a malária, foram reveladas nesta quarta-feira. Um consórcio internacional de cientistas seqüenciou o genoma (código genético) do parasita da malária, o plasmódio falciparum. Um outro grupo identificou ainda genes comuns nos mosquitos transmissores do parasita, que os torna resistentes à doença. As duas descobertas podem auxiliar na busca de novos tratamentos para a malária, que mata milhões de pessoas por ano principalmente nos países pobres. Ainda não há uma terapia eficaz contra a doença. O grupo que seqüenciou o genoma do parasita foi liderado pelo prestigiado Instituto para Pesquisas Genéticas (TIGR, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. O trabalho será publicado na próxima sexta-feira na revista científica Nature. Obstáculos Malcolm J. Gardner, do TIGR, disse que o genoma do parasita da malária levou seis anos para ser seqüenciado e foi um dos trabalhos mais difíceis de sua carreira. O genoma foi tão difícil de ser obtido porque 80% de sua seqüência é formada apenas por duas das quatro bases químicas de DNA existentes. "Isso fez com que o DNA do parasita fosse difícil de ser isolado e seqüenciado", explica o cientista. "Nós apenas continuamos com a pesquisa porque sabemos que ela pode ser muito valiosa no combate à doença". O sucesso do P. falciparum como doença ocorre em parte devido à sua habilidade de esquivar-se do sistema de defesa do organismo humano. Segundo Gardner, a análise do genoma identificou cerca de 200 genes do parasita envolvidos neste processo (de produzir proteínas para driblar o sistema imunológico) que poderia destrui-lo. O parasita possui cerca de 5,3 mil genes. A pesquisa também identificou algumas áreas no genoma do parasita que poderiam ser atacadas por medicamentos. Resistência Ainda esta semana, a revista científica Science publica o genoma do mosquito Anopheles gambiae - o vetor que carrega a forma mortal para humanos do parasita da malária. Publicado também na Science, um outro estudo pode trazer esperanças de cura da malária. Pesquisadores da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, identificaram em mosquitos Anopheles gambiae genes capazes de reduzir a transmissão natural do parasita da malária. Ou seja, alguns genes - comuns nas populações dos mosquitos - agem fazendo com que o inseto resista à infecção pelo parasita da malária. Apesar de ainda ser cedo para alguma comemoração, os cientistas esperam conhecer melhor a estrutura desses genes para desenvolver medicamentos, ou até vacinas, capazes de tornar os seres humanos também imunes à doença.

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