Cinema brasileiro quase desaparece no Festival de Berlim

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Publicado quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021 as 20:46, por: CdB

O Brasil é um país culturalmente em declínio. Depois de tantos prêmios e de tantos filmes no Festival Internacional de Cinema de Berlim, a participação brasileira será quase nula neste ano. Um verdadeiro atestado da decadência política atual que atinge todos os setores do país.

Foto de Pedro Márquez

Fevereiro é o mês do grande Festival Internacional de Cinema de Berlim. Não este ano, por culpa do coronavírus, que impede reuniões de pessoas. Porém, isso não significa uma paralização total. A solução encontrada por seus dois diretores, a alemã Mariette Rissenbeek e o italiano Carlos Chatrian foi a de dividir a Berlinale, como é também conhecido o Festival de Berlim, em duas partes:
– uma dedicada à Indústria do Cinema, que será online e incluirá algumas das categorias de filmes existentes no Festival sem a presença física de expectadores. Esta primeira parte se prolongará por cinco dias – do 1 ao 5 de março;
– a outra parte, se as vacinas permitirem, terá a presença física da imprensa, dos críticos e dos profissionais do cinema. A data não é tão distante. No caso, os diretores da Berlinale fazem uma aposta arriscada: a de que dentro de quatro meses as autoridades políticas e sanitárias terão acabado com os confinamentos. Essa segunda parte, a principal da Berlinale, com as principais competições, terá o nome de Verão Especial, se prolongará por 11 dias, irá do 9 ao 20 de junho.

Nenhum filme brasileiro foi selecionado para a principal mostra, a Competição. A situação brasileira se reflete atualmente no campo da cultura e isso fica evidente na diminuta participação brasileira na 71. Berlinale, notadamente na ausência de filmes brasileiros na mostra Geração, onde costumam se revelar jovens talentos brasileiros.

O primeiro filme brasileiro citado na relação de filmes selecionados surge na Berlinale Series: trata-se da série Os Últimos Dias de Gilda, imaginada e dirigida por Gustavo Pizzi com os atores Karine Teles, Julia Stockler, Antonio Saboia, Ana Carbatti e Lucas Gouvêa.

O tema é bem atual dentro de um Brasil onde os evangélicos estão perigosamente unidos com o poder público. A figura principal é Gilda, mulher livre, que trabalha e luta por sua sobrevivência sem ceder à pressão dos vizinhos conservadores e ao assédio dos machistas.

O outro filme brasileiro selecionado está na mostra Panorama Documento. Trata-se de A Última Floresta, de Luiz Bolognesi, falado na língua indígena dos Yanomami. Bastante dentro da realidade atual brasileira, a nova imagem internacional do Brasil, os incêndios das florestas, a invasão das terras indígenas e um país sem respeito por suas origens. É a luta de uma tribo existente no norte do Brasil contra a invasão de garimpeiros, sem qualquer proteção por parte do governo.

Na mostra Fórum, há uma coprodução argentino-brasileira, Esqui, dirigida pelo argentino Manque la Banca, uma mistura de documentário com drama. E, por último, o Brasil aparece com o filme Se Hace Camino al Andar, uma Instalação de Paula Gaitán.

Por Rui Martins, de Berna com Festival de Berlim.

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