Presidenciável do PDT, o ex-governador Ciro Gomes amplia o diálogo com setores mais capitalistas do PT.
Por Redação – de Belo Horizonte
Na entrega da Medalha da Inconfidência, neste sábado, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) estendeu um tapete vermelho para o candidato do PDT ao Palácio do Planalto, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes. Pimentel e o ex-governador Tarso Genro (PT-RS) alinham-se a setores do partido mais distantes da esquerda socialista. Neste campo, os presidenciáveis Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) levam vantagem.
No discurso de despedida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há três semanas, antes de se entregar à Justiça e ser preso, D’Ávila e Boulos abraçaram o líder petista e receberam dele a promessa de um apoio valioso. Lula é líder absoluto junto ao eleitorado brasileiro, para mais um mandato. Uma vez impedido, judicialmente, seu espólio nas urnas tende a se dirigir a quem ele indicar.
Pimentel e Genro, no entanto, integram uma ala petista, a Mensagem ao PT, mais distante da Articulação de Esquerda, que se aproxima de D’Ávila e Boulos. Tanto o atual quanto o ex-governador de Estados marcados pela influência política no país, portanto, estariam mais inclinados a apoiar alguém como Ciro Gomes. Trata-se do pré-candidato pedetista, legenda fundada por Leonel de Moura Brizola, mas que navega com desenvoltura junto ao mercado financeiro.
Amigos
Pimentel e o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), têm recebido emissários do pré-candidato cearense e, na última quinta-feira, quando da visita de Ciro à capital mineira, o diálogo fluiu no sentido de uma aproximação das três legendas em torno de um candidato que abrigasse parte da esquerda; apesar da presença sempre bem vinda nos círculos empresariais.
Na eleição passada, Ciro almoçou com Lacerda e, logo em seguida, tomou café com Pimentel.
— Sou muito amigo de todo mundo aqui em Minas, com exceção dos Cardoso. O resto todo sou amigo — afirmou Ciro, à época. Nada mudou, desde então, nos relacionamentos entre os aliados.
Inorgânico
Ciro mantém o discurso de que a união de todas as tendências da esquerda é, praticamente, impossível, seja no primeiro ou no segundo turnos. Seu projeto “é diferente do PT” afirmou, semana passada. Da mesma forma, assegura a crítica ainda mais contundente à pré-candidatura de Joaquim Barbosa (PSB) e de Jair Bolsonaro (PSL).
O pedetista afirma que Bolsonaro é “despreparado” e com “extensa boçalidade”. Quanto a Barbosa, trata-se de uma pré-candidatura similar à de Luciano Huck, o apresentador de TV.
— E um perfil de uma pessoa inorgânica na política, aparentemente ligado ao combate a corrupção, que são valores superficiais — concluiu.