Colômbia obstrui investigações sobre direitos humanos, diz relatório

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Publicado sexta-feira, 8 de novembro de 2002 as 23:58, por: CdB

Um novo relatório da Human Rigths Watch afirma que o procurador geral da Colômbia obstruiu as investigações dos grupos paramilitares de direita ao demitir ou transferir promotores, particularmente os que funcionavam em casos nos quais oficiais militares teriam auxiliado os grupos em assassinatos e mortes em massa.

O relatório foi divulgado na sexta-feira em Bogotá pelo grupo de monitoramento dos direitos humanos, que tem sede em Nova York. Ele afirma que o procurador geral, Luis Camilo Osório, dificultou as investigações desde sua posse, em julho do ano passado.

As acusações podem macular o novo governo do presidente Álvaro Uribe, que insiste em dizer que luta contra as forças paramilitares de forma tão agressiva quanto lida com os rebeldes marxistas do país.

O relatório diz que nos últimos 15 meses pelo menos nove promotores ou investigadores trabalhando em casos de paramilitares – a maioria deles recebendo treinamento especializado dos EUA – foram demitidos e 15 outros foram forçados a se aposentar. Cinco promotores e investigadores estudando as ligações entre os grupos paramilitares e unidades do exército foram mortos.

Vários casos importantes foram paralisados. Eles incluem o massacre de janeiro de 2001, no qual forças paramilitares trabalhando com oficiais navais deixaram 26 pessoas mortas, e uma investigação sobre a conexão que um oficial do alto escalão do exército, gen. Rito Alejo del Rio, teria com forças paramilitares do noroeste da Colômbia.

As alegações feitas pela Human Rigths Watch causaram preocupação em Washington, onde Osório tem recebido ataques há meses de alguns membros do Congresso e grupos de direitos humanos.

O escritório do procurador geral não respondeu às alegações específicas e à documentação apresentada pela Human Rights Watch. Em uma declaração o escritório disse que estava comprometido com “a luta contra aqueles que violam os direitos humanos”.

A declaração também dizia que o escritório “não investigaria ninguém sem base, apesar das críticas que isso possa gerar”.

Em seus acordos com a Colômbia, os EUA geralmente enfatizam a importância do desenvolvimento de um independente e eficiente escritório do procurador geral. Os EUA forneceram US$ 25 milhões para o escritório nos últimos dois anos e podem dar outros US$ no próximo ano.

Muitos dos promotores e investigadores que trabalham em casos de direitos humanos na Colômbia receberam treinamento oferecido pelo Departamento de Justiça nos EUA.

Os Estados Unidos também ajudaram a instalar 11 escritórios satélite pela Colômbia para que os promotores possam responder de forma mais eficiente a casos de crimes de guerra. Mas os promotores disseram à Human Rights Watch que o escritório principal não forneceu recursos nem pessoal suficientes.

“Sempre que vemos esse tipo de movimento dos promotores sendo retirados dos casos ou da transferência de recursos, chama a nossa atenção”, disse uma membro do governo Bush que está envolvido no projeto de uma política em relação à Colômbia. “Obviamente queremos ver mais recursos, mais promotores e uma política mais agressiva”.