Como a China planeja liderar a indústria de chips de computador

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Publicado Terça, 11 de Fevereiro de 2020 às 07:45, por: CdB

Em um campus universitário nos arredores de Hong Kong, um grupo de engenheiros está projetando chips de computador que eles esperam que sejam usados na próxima geração de telefones inteligentes fabricados na China. Patrick Yue, formado na Universidade de Stanford, é o engenheiro chefe e professor que supervisiona o projeto.

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A China visa aumentar sua própria produção de chips de computador A tendência é que o país fique cada vez mais próximo da autossuficiência

Sua equipe de pesquisa projeta chips de comunicação óptica, que usam luz em vez de sinais elétricos para transferir informações, e são necessários em telefones celulares 5G e outros dispositivos conectados à Internet. Ele conta sobre os desafios que a China enfrenta no desenvolvimento de uma indústria de chips de computador que mostra ao mundo o potencial do país.

Seu departamento é parcialmente financiado pela Huawei, a gigante chinesa de comunicações e telecomunicações no centro de uma tempestade política internacional. Muitos observadores da indústria temem que a guerra comercial EUA-China arrisque comprometer a cadeia global de fornecimento de tecnologia. Em particular, a China depende de empresas estrangeiras para chips de computador (ou semicondutores), os pequenos dispositivos usados em tudo, de eletrônicos de consumo a hardware militar.

O desejo de autossuficiência

A China é o maior importador e consumidor mundial de semicondutores. Atualmente, produz apenas 16% dos semicondutores que alimentam seu boom tecnológico. Mas ela planeja produzir 40% de todos os semicondutores que usa até 2020 e 70% até 2025, um plano ambicioso que gerará dispositivos de computação capazes de realizar trabalhos cotidianos, edição de vídeos, acesso aos complexos jogos de roleta online, entre outras funções, tudo isso com produção chinesa.

Em maio de 2018, o presidente da China, Xi Jinping, reuniu-se com os principais cientistas e engenheiros do país, chamando especialistas para trabalharem em prol da autoconfiança na produção das principais tecnologias. Essa reunião ocorreu apenas um mês depois que o governo dos EUA proibiu empresas americanas de vender componentes para a ZTE, a segunda maior fabricante de equipamentos de rede de telecomunicações da China.

A proibição destacou para os líderes da China que o boom tecnológico do país dependia de tecnologia estrangeira. Em outubro deste ano, em sua última tentativa de ajudar a afastar o setor tecnológico chinês da tecnologia dos EUA, o governo criou um fundo de US $29 bilhões (R$ 121 bilhões) para apoiar a indústria de semicondutores.

Foco total na tecnologia 5G

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Analistas do setor questionam a capacidade da China de realmente inovar. Estima-se que o país esteja 10 anos atrás dos principais produtores de chips de computador de última geração. A maioria dos chips fabricados para eletrônicos de ponta é fabricada por fundições especializadas, como a Taiwanese Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).

A questão é que o crescimento na indústria de semicondutores vem sendo tipicamente impulsionado por novas tecnologias. No final dos anos 2000, a introdução de smartphones aumentou a demanda por pequenos circuitos integrados que controlam tudo, desde memória até Bluetooth e Wi-Fi. Hoje, porém, a ambição da China de dominar setores como inteligência artificial e 5G deve aumentar ainda mais a demanda por chips de última geração, o que é um fomento enorme à corrida tecnológica do país.

Como a China virou o jogo

Se até 30 anos, a economia chinesa estava muito atrás da brasileira em termos econômicos, de lá para cá tudo mudou e o PIB chinês passou de US$ 360 milhões (em 1990, contra US$ 460 milhões do Brasil) para US$ 13 trilhões (em 2018, contra R$ 6,9 trilhões). O Governo chinês tem um papel fundamental em toda essa mudança. Essa mudança na economia chinesa começou à medida que o governo chinês aprofundava as reformas econômicas necessárias, coisa que aqui se arrasta há vários anos.

Lá existe apoio de verdade, Enquanto no Brasil os últimos governos sempre trataram de engessar as empresas e os empreendedores com leis proibitivas e impostos elevados, sempre tentando culpar a classe produtiva por tudo de pior que acontecia no país, na China a estabilidade do governo conseguiu impulsionar o empreendedorismo regulando o setor de tecnologia, dedicando investimentos pesados ao setor e desenvolvendo o  sistema de ensino, o que permitiu que o país passasse a formar uma enorme rede de trabalhadores e empreendedores aptos para os diferentes segmentos da economia. Não é a toa que, hoje, tudo é produzido na China. Não existe uma grande empresa de eletrônicos, da Apple à Sony, cujos produtos não sejam fabricados lá.

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