A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente em empresas brasileiras de diferentes portes e segmentos. Isso vem mudando a percepção das pessoas sobre o uso dessa tecnologia na área de Recursos Humanos e as mudanças que ela pode trazer para o mercado de trabalho.
Quem entende esse panorama pode ter uma vantagem competitiva ao se candidatar a empregos, desde a preparação do curriculum vitae até o seu direcionamento para as oportunidades em ascensão. Mais do que saber como usar o ChatGPT para fazer um CV com IA, é importante contar com uma ferramenta adequada para a criação de currículos com recursos de geração e revisão de textos. Afinal, esse material pode passar por diferentes tipos de triagem que afetam diretamente as chances de contratação.
Como a inteligência artificial impacta a triagem de currículos?
A triagem de currículos não é um recurso novo nos processos de recrutamento e seleção profissional, mas tem se modernizado com a combinação entre a inteligência artificial e as capacidades humanas. Vale lembrar que, na avaliação das candidaturas com recursos de IA, os parâmetros são definidos por profissionais de RH. Confira o que pode ser levado em conta:
Expectativas para o cargo
Esse tipo de triagem deve garantir que as candidaturas selecionadas atendam aos critérios definidos como essenciais para a contratação. Para isso, pode ser aplicado um modelo preditivo com base no histórico de contratações anteriores para a mesma função. Com a tecnologia de machine learning (aprendizado de máquina), é possível identificar padrões alinhados às expectativas para o cargo e até classificar o fit cultural de acordo com os perfis profissionais indicados como preferência da empresa.
Relevância do currículo
A inteligência artificial pode ser usada para aprimorar a triagem automática de currículos feita por softwares (ATS) com base, principalmente, no uso de palavras-chave no CV. A ideia é dar um passo além com uma avaliação contextual baseada no modelo de linguagem. Isso torna possível interpretar as informações para definir se a candidatura é relevante para a vaga em aberto — por exemplo, verificando se há coerência entre as conquistas profissionais e as habilidades mencionadas no documento.
Potencial de revisão
Os currículos que passam pela triagem com IA podem ser pontuados de acordo com os padrões definidos pelo contratante, como uma combinação de dados quantitativos (como o tempo de experiência) e qualitativos (como a adequação à cultura da empresa). Em tese, o uso da tecnologia deve reduzir os vieses discriminatórios ao basear as decisões em dados.
As candidaturas pré-selecionadas por pontuação ainda podem ser ranqueadas em termos de prioridade para a revisão humana. Ou seja, só depois disso é que os currículos chegam aos especialistas em Recursos Humanos que podem observar certas nuances não detectadas pelos sistemas de triagem e refinar a seleção de profissionais para as entrevistas de emprego.
Perspectivas para a relação entre IA e mercado de trabalho
Os recursos de inteligência artificial podem até substituir algumas funções nos próximos anos, mas essa tecnologia também depende (e muito) de profissionais qualificados. E isso pode criar novas oportunidades de emprego em áreas direta ou indiretamente ligadas à IA, como aponta a consultoria Gartner em seus estudos sobre o futuro do trabalho.
O relatório explica que “o entusiasmo pela implementação da IA generativa é motivado pelo receio de não estar a par das últimas atualizações”, mas as empresas ainda precisam avaliar riscos e ganhar agilidade na adaptação a novos cenários. Diante disso, podemos destacar algumas perspectivas de curto e médio prazo para o mercado de trabalho:
- seleção com base em habilidades, que podem ter mais importância do que a formação acadêmica em diversos casos.
- esquemas ainda mais flexíveis, indo além das opções de trabalho remoto ou jornadas reduzidas, por exemplo, com a adoção de modelos não convencionais de trabalho e o aumento das contratações temporárias para suprir demandas.
- queda de estereótipos, seja com oportunidades de evolução profissional a partir de treinamentos oferecidos pela própria empresa, melhores políticas de diversidade e inclusão, planos de carreira não lineares e iniciativas para uma melhor adaptação às novas demandas do mercado.
Com isso, a contribuição da inteligência artificial pode ser positiva tanto para as empresas quanto para as pessoas em busca de uma oportunidade de emprego.