Confiança dos industriais volta a declinar com alongamento da crise

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Publicado Segunda, 22 de Julho de 2019 às 15:24, por: CdB

De acordo com a FGV, o recuo foi provocado pela avaliação dos empresários da indústria em relação ao presente e ao futuro, diante de uma crise econômica que se prolonga por mais de três anos. O Índice da Situação Atual, que mede o presente, recuou 2,5 pontos, para 94,1 pontos, o menor valor desde outubro de 2018 (93,4 pontos).

 
Por Redação, com ABr e RBA - de São Paulo
  O Índice de Confiança da Indústria recuou 1,7 ponto na prévia de julho deste ano, na comparação com o número consolidado de junho, e chegou a 94 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. O dado foi divulgado nesta segunda-feira, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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Indústria brasileira confia cada vez menos na recuperação econômica do país, nos próximos meses
De acordo com a FGV, o recuo foi provocado pela avaliação dos empresários da indústria em relação ao presente e ao futuro, diante de uma crise econômica que se prolonga por mais de três anos. O Índice da Situação Atual, que mede o presente, recuou 2,5 pontos, para 94,1 pontos, o menor valor desde outubro de 2018 (93,4 pontos). O Índice de Expectativas, que mede a confiança no futuro, caiu 0,9 ponto, para 93,9 pontos, o menor nível desde julho de 2017 (93,1 pontos). O resultado preliminar de julho sinaliza aumento de 0,6 ponto percentual do Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci), para 75,6%.

Demissões

Além da falta de confiança por parte do empresariado; entre os trabalhadores, segundo analistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o medo do desemprego se agrava com a retirada, por parte do governo, da rede de proteção formada pelo seguro-desemprego e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), cada vez mais aviltados. Estudo comparativo entre a falta de empregos e o uso do seguro-desemprego mostrou que o sistema de apoio aos trabalhadores brasileiros é um dos menos generosos do mundo. De acordo com levantamento do Ipea, em parceria com o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), a taxa de cobertura do auxílio é baixa e vem caindo nos últimos anos, apesar do aumento no número de desempregados. Em 2015, ao menos 7,8% dos brasileiros fizeram uso do seguro-desemprego. Em 2018, quando a taxa de desemprego atingiu 12,2 milhões de trabalhadores, apenas 4,8% dos desempregados tiveram acesso ao benefício.

Dieese

Na prática, os dados revelam que, com o aumento do desemprego e uma cobertura menor, o país tem garantido proteção apenas a até 600 mil trabalhadores desempregados, segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. — Há uma redução bastante significativa que, se colocada no contexto internacional mostra que o Brasil é um dos países com menor taxa de cobertura — destaca Clemente, em entrevista à revista Rede Brasil Atual (RBA), sobre o estudo que compara a situação brasileira com outros 97 países que adotam mecanismo similares de seguridade social. O valor mensal do seguro-desemprego pode variar de um salário mínimo a R$ 1.735,29, pagos em três a cinco parcelas, a depender do tempo trabalhado. Em 2016, quando as regras de acesso se tornaram mais rígidas, 1,65% do orçamento público foi gasto com o programa. Em países da Europa, onde o tempo de proteção é maior, o seguro-desemprego corresponde em média a 4,6% dos orçamentos. — No seu conjunto, o seguro-desemprego, infelizmente, está longe de proteger os trabalhadores que se encontram na situação de desemprego no Brasil — conclui Clemente.
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