O conflito entre israelenses e palestinos segue sendo a maior ameaça à paz e à estabilidade no Oriente Médio apesar dos conflitos no Iraque e no Irã, segundo os especialistas da Conferência de Segurança de Munique.
– O Oriente Médio está infestado de assuntos críticos e explosivos que não só afetam a paz e a segurança na região do Mediterrâneo, mas também a comunidade internacional em seu conjunto. – afirmou, neste sábado, o ministro egípcio de Defesa, Ahmend Abul Gheit.
Gheit foi o único representante árabe que participou do painel sobre “Segurança no Oriente Médio: Novos desafios para a Otan e a ONU”, principal debate do dia em Munique.
O debate contou também com a presença do secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, do Alto Representante da União Européia para Política Externa e de Segurança, Javier Solana, e de outras autoridades.
Solana corroborou a importância da solução do conflito do Oriente Médio para toda a região do Mediterrâneo, pois “diferentemente dos Estados Unidos, que aborda a questão de forma estratégica, para os europeus trata-se de uma questão de vizinhos”.
– Os países do Oriente Médio estão aí, são nossos vizinhos. – disse Solana, que reafirmou o compromisso da UE com o processo de paz e a solidariedade com o povo palestino.
– Enquanto os palestinos esperam pela paz é preciso lhes dar perspectivas de desenvolvimento econômico, serviços sociais e infra-estrutura. – disse Solana.
Gheit evocou em seu discurso os avanços conseguidos na recente cúpula de Sharm El Sheikh, “depois de quatro anos de morte, violência e falta de diálogo”, mas advertiu que apesar da aproximação entre a Autoridade Nacional Palestina e o governo de Ariel Sharon “o processo é muito frágil”.
– Há indícios para a esperança, mas ainda são necessários enormes esforços. – disse Gheit, que enumerou três prioridades para a manutenção do incipiente clima de confiança entre israelenses e palestinos e o bom andamento do processo de paz.
Para levar o processo de paz até o final, “é preciso proteger as novas relações israelense-palestinas assegurando a manutenção do cessar-fogo, é preciso aprofundar nessas relações até se chegar ao objetivo de dois estados e reiniciar as conversações com a Síria e o Líbano”, argumentou.
Gheit, que chamou o problema israelense-palestino de o mais preocupante da região, lembrou que a paz é requisito para o desenvolvimento da sociedade.
– Enquanto não houver paz no Oriente Médio seguiremos abaixo de nosso potencial de crescimento e não haverá modernização e falo de uma modernização de acordo com nossos valores e princípios, não de uma modernização imposta. – disse.
Por sua parte, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, considerou plausível uma operação da Otan no Oriente Médio se palestinos e israelenses assinarem um acordo de paz e pediu aos aliados que se preparem para esse momento.
Esse envio de forças só seria feito em caso de acordo, a pedido das duas partes e com o amparo do Conselho de Segurança da ONU.
– Se essas condições acontecerem – disse De Hoop Scheffer – os estados membros da Otan terão um debate sério sobre esse tema”.
De Hoop Scheffer, que se declarou muito ambicioso em respeito ao papel da Otan, descartou a possibilidade de se juntar aos esforços de paz feitos pelo Quarteto para o Oriente Médio, formado por União Européia (UE), ONU, Rússia e EUA porque “essa não é nosso trabalho”.
– A Otan só deve se juntar aos processos em que sua presença possa acrescentar algo e nunca duplicar esforços. – explicou.
O problema do Oriente Médio foi citado também pelo vice-ministro iraniano de Relações Exteriores, Jholamali Khoshroo, que se queixou das suspeitas despertadas pelo programa nuclear de seu país, enquanto o de Israel é tolerado.
O vice-ministro pediu os mesmos critérios para toda a região na questão do desenvolvimento de armas nucleares e