Milicianos leais ao clérigo Moqtada al-Sadr enfrentavam na sexta-feira tropas norte-americanas, britânicas e italianas em vários pontos do centro e do sul do Iraque, num possível reinício da rebelião xiita.
Os combates no distrito de Sadr City, em Bagdá, entre a milícia xiita e as forças da coalizão apoiadas pelo Iraque já mataram 19 iraquianos e feriram 111 desde esta quinta-feira, informou nesta sexta-feira o Ministério da Saúde.
Um funcionário do centro de operações do ministério disse que os confrontos na cidade sagrada de Najaf deixaram um morto e 25 feridos no mesmo período. Na cidade de Nassiriya, seis pessoas morreram e 13 ficaram feridas.
Em Nassiriya, onde há 2.700 soldados italianos, patrulhas foram atacadas com granadas de propulsão e rifles de assalto. Uma usina elétrica foi atacada com morteiros. Pouco antes, houve fortes combates entre forças norte-americanas e milicianos na cidade sagrada de Najaf, confrontos na favela de Sadr City, em Bagdá, e ataques contra soldados britânicos em Basra e Amara, cidades no sul do país.
O acirramento das tensões, menos de três meses depois da sangrenta rebelião xiita no sul do Iraque, representa um grave problema para o primeiro-ministro interino Iyad Allawi, que já tem dificuldades para conter uma insurgência sunita que dura 15 meses.
Najaf amanheceu sob vigilância de caças F-16 e bombardeiros AC-130 dos EUA, que davam apoio às tropas que buscavam militantes escondidos no cemitério da cidade, o maior de todo o mundo árabe.
Os combates desta quinta-feira em Najaf, que resultaram na queda de um helicóptero norte-americano, foram os mais intensos ali desde maio. Os EUA estimam que 20 milicianos tenham sido mortos.
Najaf é um dos lugares mais sagrados para os xiitas, e a maioria deles no Iraque reage com indignação aos confrontos perto de lugares santos. Durante a rebelião do começo do ano, a cúpula da mesquita do imã Ali foi levemente danificada.
Nos combates de Nassiriya, a milícia, conhecida como Exército Mehdi, afirmou ter destruído vários blindados italianos. O Exército desse país negou os danos, mas reconheceu que a situação é delicada. – Foi uma noite extremamente tensa, e estamos mantendo alerta máximo- disse o capitão Ettore Sarli à Reuters.
– Uma força-tarefa italiana controla o centro de Nassiriya e suas pontes, e estamos buscando mediação com a milícia por intermédio do prefeito – disse ele, acrescentando que não há baixas do seu lado e que não sabe ainda o número de mortos ou feridos entre os milicianos.
Em Bagdá, 16 soldados norte-americanos ficaram feridos nesta quinta-feira quando tentavam impor a ordem em Sadr City, um importante reduto do clérigo rebelde. O coronel Robert Adams disse que há até crianças de seis anos jogando bombas incendiárias contra os norte-americanos.
– Nossos soldados não reagiram com fogo porque eram só crianças”, disse ele em nota divulgada na madrugada de sexta-feira.
Em Basra, no sul, uma guarnição militar britânica foi atacada com morteiros na madrugada de sexta-feira, ferindo uma pessoa. Uma porta-voz militar britânica disse que a situação estava
mais calma nesta sexta-feira do que na quinta, quando tiroteios no centro da cidade mataram dois milicianos do Exército Mehdi. Nenhum britânico ficou ferido.
Basra em geral é uma cidade tranquila desde a queda de Saddam Hussein, em 2003, mas eventualmente os rebeldes ligados a Sadr provocam incidentes ali. Outras áreas sob controle britânico também foram atacadas nesta quinta-feira. Em Amara, localidade xiita cerca de 360 quilômetros ao sul de Bagdá, uma base britânica recebeu mais de 20 morteiros durante o dia e a noite.
A situação mais grave é a de Najaf, onde os marines norte-americanos recentemente substituíram a 1. Divisão de Infantaria. Sadr está há meses confinado em Najaf e na vizinha Kufa.
Ele é procurado pela Justiça por envolvimento na morte de um