O copiloto do voo 4U-9525 da Germanwings, Andreas Lubitz, tinha um atestado médico para dispensa de serviço válido para o dia da queda da aeronave, afirmou nesta sexta-feira a promotoria de Düsseldorf.
Segundo o porta-voz Ralf Herrenbrück, durante as buscas na residência do copiloto os investigadores encontraram “documentos de teor médico” que indicam “uma doença existente e o correspondente tratamento médico”. Herrenbrück disse que se trata de atestados médicos atuais e rasgados, que cobrem também esta terça-feira, data da queda do avião.
A promotoria supõe que o copiloto, de 27 anos, tenha escondido uma doença do empregador e dos seus colegas, mas não disse qual poderia ser essa doença.
Uma possível carta de despedida não foi encontrada, nem qualquer documento que indique algum tipo de motivação religiosa ou política para a queda do avião, atribuída pela promotoria de Marselha ao copiloto alemão.
Os investigadores vasculharam nesta quinta-feira as residências do piloto nas cidades de Düsseldorf e Montabaur, onde ele morava com os pais.
Cidade natal do copiloto
Montabaur, terra do copiloto da Germanwings Andreas Lubitz, no Estado alemão da Renânia-Palatinado, seria praticamente desconhecida se não estivesse conectada ao sistema ferroviário de alta velocidade do país.
Seu centro histórico medieval e idílico é como muitos outros na Alemanha, com uma prefeitura de arquitetura gótica e casas no estilo enxaimel. A característica mais marcante da pequena localidade é o amarelo castelo barroco com vista para o Centro.
A grande quantidade de policiais que lá desembarcaram nesta quinta-feira era desproporcional para a pequena cidade de 12 mil habitantes. Ninguém parecia acreditar que alguém de Montabaur pudesse ter matado 149 pessoas e a si mesmo intencionalmente, segundo indicaram trechos de áudio da caixa-preta do voo 4U-9525.
– Você está aqui por causa do copiloto? – pergunta uma senhora. “É triste demais.”
O nome de Lubitz estava na boca de todos em sua cidade natal, onde seus pais ainda vivem e onde o jovem copiloto mantinha seu endereço permanente – algo comum na Alemanha, mesmo depois que os filhos saem de casa. Ele aprendeu a pilotar um planador num aeroclube nas redondezas de Montabaur, diz um taxista, horrorizado com o fato que trouxe notoriedade ao local.
Na prefeitura, as autoridades se recusam a fazer comentários sobre Lubitz. “Não o conhecíamos, isso é assunto para a polícia”, declarou o gabinete do prefeito Klaus Mies.
O clima no bairro onde Lubitz vivia é parecido. A única movimentação nas ruas é das hordas de jornalistas vindos de todos os cantos do mundo e da polícia, encarregada de impedir que repórteres chegassem perto demais da casa da família durante buscas na residência. Segundo vizinhos, os pais do copiloto estavam na França, no local do desastre.
O silêncio dominava a área. Todas as casas estavam escuras, sem sinal de movimento em seu interior. Os poucos vizinhos que ousaram sair à rua ou atender a campainha disseram não serem próximos da família Lubitz, mas que eles pareciam ser boa gente. Adjetivos como bom e benquisto foram usados repetidamente.
Em toda a Alemanha, reinou nesta quinta-feira um sentimento de incredulidade. “Você nunca pensa que algo assim possa afetar sua vida ou a de alguém próximo. Como essa família poderá voltar a ter paz?”, questiona um morador de Montabaur.