Práticas estão presentes em todos os países do bloco, sendo mais comuns em contratos públicos de construção civil. Prejuízos equivalem ao orçamento anual europeu. Estados do Leste enfrentam “desafios especiais”. A corrupção custa às economias dos países da União Europeia cerca de 120 bilhões de euros por ano e está presente em todos os Estados-membros do bloco, afirma um relatório oficial publicado pelo bloco.
A comissária para Assuntos Internos da UE, Cecilia Malmström, que presidiu o primeiro estudo oficial europeu sobre corrupção, disse que o montante estimado de perdas anuais seria suficiente para financiar o orçamento operacional anual do bloco. “Esta é apenas uma estimativa”, enfatizou a política, acrescentando que os custos provavelmente são “muito maiores”.
Segundo o texto, todos os 28 membros da UE sofrem de algum tipo de corrupção. “Não existem zonas livres de corrupção na Europa”, ressaltou Malmström, durante entrevista coletiva. “Não estamos fazendo o suficiente. E isso se aplica a todos os membros.”
Desafios especiais no Leste Europeu
Não foi realizada uma classificação dos países de acordo com a frequência de práticas de corrupção, mas Malmström sublinhou que algumas das “democracias mais jovens” do Leste Europeu “enfrentam desafios especiais”.
O relatório inclui uma discriminação de problemas e destaca histórias de sucesso de cada país membro da UE. Também contém uma lista de sugestões para aumentar a transparência e melhorar mecanismos de controle interno dos países.
O problema é especialmente frequente em contratos públicos nas áreas de construção civil, principalmente em empreendimentos imobiliários realizados em áreas urbanas.
– Contratos públicos inflacionados são um problema particular – destacou Malmström. Aquisição de bens e serviços por governos são responsáveis por 20% de todos os gastos na União Europeia, segundo a comissária. E estudos indicam que até um quarto do dinheiro gasto é desviado pela corrupção.
Razões econômicas
– Uma enorme quantidade de dinheiro é perdida aqui – disse Malmström. “Se não condenarmos a corrupção por ser imoral e por corroer a legitimidade da democracia, pelo menos economicamente, há boas razões para fazermos mais.”
– O relatório mostra que os políticos têm falhado em regular seus conflitos de interesses, especialmente nas suas relações com o comércio e a indústria – avaliou por sua vez Carl Dolan, diretor do escritório da União Europeia da ONG Transparência Internacional.
Segundo uma sondagem feita por encomenda de Bruxelas, mais da metade dos cidadãos da União Europeia acredita que a corrupção aumentou nos últimos três anos, período em que a crise da dívida do euro se intensificou.
Cerca de 75% consideram a corrupção algo comum em seu país de origem. Dos entrevistados na Grécia, 99% têm essa opinião, seguidos de italianos (97%), lituanos, espanhóis e tchecos (todos com 95%).
Menor índice entre suecos
Na Alemanha, pouco mais da metade dos indagados disse que a corrupção é comum no país, mas apenas 2% afirmaram que já tiveram que subornar alguém. O menor índice de percepção de corrupção no próprio país ficou entre os suecos (54%).
Uma cota semelhante foi detectada entre empresas questionadas nos respectivos países. Entre os setores pesquisados, a indústria da construção é onde o problema é percebido com maior frequência. Entre as companhias da área, 79% acreditam que a corrupção é comum dentro de seu campo de atuação.