O Banco da Inglaterra disse que a incerteza do Brexit e o crescimento global mais lento estão cada vez mais empurrando a economia britânica a um desempenho abaixo do potencial.
Por Redação, com Reuters – de Londres
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) pode precisar cortar as taxas de juros dentro do cenário provável de persistência de altos níveis de incerteza sobre o Brexit, disse Michael Saunders, autoridade do BoE, nesta sexta-feira, no primeiro sinal claro de que o banco central está considerando uma redução de taxa.

Na semana passada, sem elevar diretamente a perspectiva de corte nos juros, o BoE disse que a incerteza do Brexit e o crescimento global mais lento estão cada vez mais empurrando a economia britânica a um desempenho abaixo do potencial.
Saunders —que foi a primeira autoridade do BoE a votar por taxas de juro mais elevadas em 2017 e 2018— disse que agora sua visão é de que o caminho imprevisível do Brexit persistirá, agindo como uma “punção lenta” para a economia.
– O crescimento desacelerou para um mero rastejo – disse ele a empresas locais em Barnsley, norte da Inglaterra.
– Acho que é bastante plausível que o próximo movimento na taxa de juros seja de queda, e não de aumento – completou.
Após os comentários, a libra caiu cerca de meio centavo em relação ao dólar, para uma mínima em três semanas, e os rendimentos dos títulos de curto prazo do governo recuaram em torno de 4 pontos-base e 5 pontos-base, à medida que os investidores a chance maior de redução nos custos de empréstimos.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu tirar o Reino Unido da União Europeia (UE) até 31 de outubro —sem qualquer acordo de transição, se necessário—, mas está em um impasse com o Parlamento, que votou por impedir uma saída sem acordo no próximo mês.
Mesmo que o Reino Unido evite temporariamente um Brexit sem acordo, é provável que a incerteza permaneça alta, devido ao risco de um Brexit sem acordo em 2020 ou à falta de clareza sobre as relações comerciais de longo prazo com a UE, disse Saunders.
– Nesse caso, pode ser apropriado manter uma postura de política monetária altamente acomodatícia por um período prolongado e talvez afrouxar a política monetária em algum momento, especialmente se o crescimento global continuar decepcionante – afirmou.
O crescimento econômico britânico continuando em seu nível atual de 0,1% a 0,2% seria suficiente para justificar taxas mais baixas, devido ao risco de enfraquecimento da economia e de a inflação ser empurrada ainda mais abaixo da meta de 2%, disse Saunders.
A economia do Reino Unido encolheu 0,2% no segundo trimestre de 2019 e, na semana passada, o BoE reduziu sua previsão de crescimento no terceiro trimestre para 0,2%, de 0,3%, enquanto a inflação caiu mais acentuadamente do que o esperado em agosto, para 1,7%.
Zona do Euro
O sentimento econômico da zona do euro teve forte queda em setembro, quando as tensões comerciais deprimiram a confiança na indústria, mostraram dados oficiais nesta sexta-feira, embora a percepção tenha melhorado nos serviços, dissipando preocupações de repercussão no maior setor econômico do bloco.
A Comissão Europeia informou que seu indicador mensal do clima econômico no bloco de 19 países caiu em setembro para o nível mais baixo em quase cinco anos, para 101,7 pontos, ante 103,1 pontos em agosto.