Cinco anos depois dos Jogos de Sydney, o norte-americano Michael Johnson recebeu nesta quinta-feira a notícia de uma corte da Suíça de que continuará com suas cinco medalhas olímpicas de ouro.
A Corte de Arbitragem do Esporte (CAS) aceitou uma apelação de dirigentes do atletismo norte-americano e acabou com uma longa batalha sobre o ouro recebido pela equipe de Johnson no revezamento 4×400 metros em 2000.
O organismo dirigente do atletismo mundial, Iaaf, havia recomendado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que a equipe dos EUA perdesse as medalhas, devido a uma violação de doping de Jerome Young, membro do grupo, em 1999.
A decisão desta quinta-feira significa que Johnson e outros quatro membros da equipe manterão as medalhas de ouro. Mas a corte recomendou que Young, suspenso da vida esportiva por outra violação de doping, perca a sua.
A Iaaf disse que ficou extremamente decepcionada com a decisão da CAS, que lamenta a decisão, mas que a aceitará como definitiva. O comitê olímpico dos EUA e dirigentes do atletismo saudaram a decisão.
A corte disse que as regras da Iaaf na época dos Jogos de Sydney não permitiam a desclassificação de uma equipe por causa das ações de um dos membros.
– Na conclusão, o painel da corte decidiu que, com base nas regras da Iaaf na época dos Jogos de Sydney, os resultados do revezamento masculino 4×400 metros nos Jogos de Sydney não podem ser modificados e que somente Jerome Young da equipe dos EUA deve perder sua medalha de ouro – disse a corte.
A CAS, com sede em Lausanne, decidiu em 2004 que Young não deveria ter recebido permissão para correr em Sydney devido ao exame positivo em 1999 para o esteróide anabolizante nandrolona, que na época provocou suspensão de dois anos.
Uma audiência secreta do painel de apelações dos EUA decidiu ignorar o doping e permitir a participação de Young em Sydney.
Depois da decisão de 2004 da CAS, a Iaaf decidiu que os resultados dos EUA deveriam ser anulados e que a Nigéria, segunda colocada, deveria receber o ouro do revezamento.
O Comitê Olímpico dos EUA (Usoc) discordou da punição de toda a equipe e apelou à CAS, cujas decisões são definitivas, pedindo ao COI e à Iaaf “desistirem dos esforços de mudar os resultados.”
O COI, que tem a palavra final sobre provas olímpicas, debaterá no próximo mês se Young perderá a medalha, antes do Campeonato Mundial de atletismo, que começa em 6 de agosto em Helsinque.
Young foi suspenso da vida esportiva depois de um exame positivo para a substância EPO, em 2004. Os gêmeos Alvin e Calvin Harrison, que também correram no revezamento em Sydney e manterão as medalhas, cumprem atualmente suspensões por violações relacionadas a doping.
O comitê olímpico norte-americano disse que a decisão é importante porque protege os direitos dos atletas olímpicos.
– Este caso está ligado à aplicação apropriada das regras por uma federação internacional de esporte e à preservação do processo dos direitos de atletas nos Jogos Olímpicos -” disse o Usoc em comunicado.
A federação de atletismo dos EUA (USA Track & Field) disse:
– Agora que a decisão foi tomada, o esporte pode continuar avançando a uma direção positiva.”
Johnson ajudou a equipe dos EUA a vencer o revezamento 4×400 metros nos Jogos de Barcelona, com recorde mundial, em 1992. Ele ganhou outros dois ouros em Atlanta, com recorde mundial nos 200 metros — em uma das maiores apresentações olímpicas – e com vitória nos 400 metros.
Ele voltou a ganhar os 400 metros em Sydney, tornando-se o primeiro homem a ganhar duas vezes seguidas esta prova.