Durante a campanha, ele prometeu limpar a política do país, cuja imagem foi maculada por um escândalo de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht.
Por Redação, com Reuters – da Cidade do Panamá
O político veterano com formação nos Estados Unidos Laurentino “Nito” Cortizo venceu a eleição presidencial mais acirrada da história do Panamá, no domingo, e pediu união nacional depois de receber apenas um terço dos votos em um país claramente dividido sobre sua escolha na votação de turno único.

– O Panamá venceu hoje, e hoje, mais do que nunca, o Panamá precisa unir forças – disse o ex-ministro da Agricultura a apoiadores entusiasmados no discurso que fez à meia-noite em seu hotel de campanha.
Durante a campanha, ele prometeu limpar a política do país, cuja imagem foi maculada por um escândalo de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht e pelo caso dos Panamá Papers, vazamento de milhões de documentos que detalham a sonegação fiscal dos mais ricos do mundo na nação famosa por seu canal.
– Os panamenhos não querem, ou merecem, nem tolerarão mais do mesmo – acrescentou Cortizo. “O caos acabou. Os fundos públicos pertencem ao público, e são sagrados”.
O presidente eleito tomará posse em 1º de julho, e terá que equilibrar relações com os Estados Unidos e a China, uma vez que o presidente em fim de mandato Juan Carlos Varela irritou Washington estabelecendo laços diplomáticos formais com Pequim, hoje a segunda maior cliente do canal.
O segundo colocado do pleito, Rómulo Roux, ficou só dois pontos atrás e relutou em admitir a derrota, dizendo que encontrou irregularidades nas urnas de algumas zonas eleitorais.
Varela parabenizou Cortizo em uma ligação transmitida ao vivo, em uma tentativa aparente de mostrar estabilidade após o resultado apertado.
Nenhuma eleição na nação centro-americana teve uma margem tão estreita desde a restauração da democracia em 1989, ocorrida depois da invasão norte-americana que depôs o ditador Manuel Noriega.
O clima estava tenso no hotel em que os apoiadores de Cortizo passaram horas reunidos para esperar seu candidato com bandeiras vermelhas, brancas e azuis de seu Partido da Revolução Democrática (PRD). Eles começaram a bradar “Nito, Nito, Nito!” quando o tribunal eleitoral ligou com a notícia.
Roux, de 54 anos, que já trabalhou na agência que governa o canal e foi ministro das Relações Exteriores do ex-presidente preso Ricardo Martinelli, publicou fotos de somatórios de votos que disse terem sido mal contados no Twitter como prova das irregularidades que, disse, poderiam mudar o resultado.