Crime cultural contra Frei Confaloni no centenário do seu nascimento

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Publicado Terça, 04 de Julho de 2017 às 06:59, por: CdB

Diante dessa gravíssima agressão a um patrimônio cultural de Goiânia (que é também de Goiás, do Brasil e do mundo), faço dois pedidos

Por Fr. Marcos Sassatelli - de São Paulo:

A obra de Frei Nazareno Confaloni, dominicano, no Setor Coimbra (Goiânia - GO) é um conjunto arquitetônico que inclui a Igreja São Judas Tadeu (construída entre 1959 - 1965) e a Praça com o mesmo nome. Agredindo a Igreja está se agredindo a Praça e agredindo a Praça está se agredindo a Igreja. O que há hoje é uma agressão à Igreja e à Praça ao mesmo tempo. Trata-se de um crime cultural contra Frei Confaloni, no ano do seu centenário de nascimento. Trata-se de um verdadeiro vandalismo, que revela a total falta de sensibilidade artística por parte dos responsáveis pela agressão.

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Crime cultural contra Frei Confaloni no centenário do seu nascimento

Quer-se transformar a Praça inteira num estacionamento fechado. A todos e todas que têm um mínimo de bom senso, pergunto. Dá para imaginar a Igreja de Frei Confaloni dentro de um estacionamento fechado? Quer-se também construir galpões (já iniciados) “colados” às paredes e às rampas da Igreja. Novamente pergunto: dá para imaginar a Igreja de Frei Confaloni com galpões “colados” às paredes e rampas da própria Igreja? Tudo isso que está acontecendo é um absurdo inconcebível.

Antes da agressão, subindo as rampas da Igreja, tinha-se a sensação de levitar. Passando do jardim da Terra (Praça) para o jardim do Céu (Igreja). Era um momento agradável de contemplação. Com a agressão (em andamento). Subindo as rampas da Igreja. Tem-se a sensação de se defrontar com o telhado dos galpões. É um momento desagradável de poluição visual.

Patrimônio cultural

Diante dessa gravíssima agressão a um patrimônio cultural de Goiânia (que é também de Goiás, do Brasil e do mundo), faço dois pedidos.

O primeiro é dirigido aos artistas, arquitetos, paisagistas e urbanistas de Goiânia. Organizem um movimento de resistência e não deixem acontecer tamanha agressão - que envergonha a cidade de Goiânia. Contra o patrimônio cultural de Frei Confaloni.

O segundo pedido é dirigido ao Secretário Municipal de Cultura de Goiânia, Kleber Adorno. Para que tome com urgência as providências cabíveis.

Secretário, sabendo de seu interesse pela questão da cultura, sugiro que:

Decrete, em homenagem ao centenário de nascimento de Frei Confaloni, artista plástico e pintor reconhecido nacional e internacionalmente. O tombamento imediato, em nível municipal, do conjunto arquitetônico, Igreja e Praça S. Judas Tadeu. Solicitando às autoridades competentes que embarguem os trabalhos de agressão iniciados.

Crie uma Comissão (composta de artistas, arquitetos, paisagistas e urbanistas). Com a incumbência de fazer um estudo sobre o projeto original do conjunto arquitetônico de Frei Confaloni (Igreja e Praça).

Recupere, a partir do estudo feito pela Comissão - o projeto original do conjunto arquitetônico de Frei Confaloni.

Revitalize a Praça - sempre a partir do estudo feito pela Comissão. Com área verde, calçadas, bancos (em forma de círculo ou de quadrado) e o maior número possível de vagas para estacionamento.

Incorpore ao conjunto arquitetônico de Frei Confaloni somente os acréscimos posteriores que não agridem o projeto original. Mas servem para lhe dar maior destaque. E, ao mesmo tempo, para atender às necessidades de espaço físico da Paróquia.

Igrejinha São Judas Tadeu

Aproveito a oportunidade para pedir que seja tombada também, em nível municipal. A antiga Igrejinha São Judas Tadeu (Rua 242, ao lado da Praça. Onde atualmente funciona a Secretaria da Paróquia). Cuja construção é anterior à vinda a Goiânia de Frei Confaloni e que, reconduzida ao seu estilo original. Valoriza a história, a cultura e a religiosidade do nosso povo.

Termino com a certeza que, diante do exposto, o Secretário Municipal da Cultura, Kleber Adorno. Fará tudo o que estiver em suas possibilidades para preservar o patrimônio artístico e cultural de Frei Confaloni. O Direito à Cultura faz parte dos Direitos Humanos e deve ser promovido.

(Leia também na Internet a minha Carta aberta aos irmãos e irmãs da Paróquia S. Judas Tadeu e a quem possa interessar).

Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano, é Doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP), professor aposentado de Filosofia da UFG

E-mail: mpsassatelli@uol.com.br

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