Crise chega com força às montadoras

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Publicado Quarta, 26 de Setembro de 2001 às 15:28, por: CdB

A Ford informou aos seus funcionários, nesta quarta-feira, que vai cortar a produção de automóveis, picapes e caminhões nas próximas duas sextas-feiras. Junto com a Volkswagen, que anunciou demissões para a semana que vem, a General Motors, a Scania, a Fiat e a Mercedes Benz, esta é mais uma montadora em dificuldades no Brasil. A Daimler Chrysler, instalada no Paraná, já não fabrica mais nada e terá que devolver R$ 100 milhões obtidos em incentivos fiscais aos cofres do governo daquele Estado. A Ford já deu em julho dez dias de férias para 3.000 funcionários para adequar a produção à queda na venda de veículos. Circula, no entanto, dentro da fábrica a informação de que a empresa pode vir a dar um novo período de férias coletivas para os funcionários da produção. Segundo o coordenador da comissão de fábrica da Ford, Rafael Marques, o ritmo de produção da montadora será definido nos próximos dias. "Por enquanto, apenas a folga nas sextas-feiras foi acertada com os trabalhadores." Na unidade do ABC da Ford são produzidas hoje 650 unidades por dia dos modelos Fiesta, Ka, Courier, picapes e caminhões. Em dezembro do ano passado, a Ford fechou a unidade do Ipiranga e transferiu a produção para São Bernardo. Na ocasião, mil metalúrgicos foram realocados no ABC e cerca de 600 aderiram a um PDV. A decisão da Ford de reduzir a produção de veículos está alinhada às medidas que foram adotadas por outras empresas do setor. A Fiat, por exemplo, vai dar folga para 70% dos 9.500 funcionários da fábrica de Betim (MG), até sexta-feira. A Volkswagen pegou mais pesado e anunciou numa única semana a adoção de um PDV (programa de demissão voluntária) para os 16 mil funcionários de São Bernardo e mais dez dias de folga. A General Motors também vai dar férias coletivas para funcionários da produção de São José dos Campos (interior de SP) e São Caetano (ABC). No total, a montadora emprega 19,5 mil pessoas. Esse é o primeiro período de férias coletivas deste ano na GM, que já havia adotado, entretanto, outras medidas para adequar a produção à queda nas vendas, como a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais e cancelamento da produção durante sete sextas-feiras (em agosto e neste mês) no ABC. A próxima a recorrer ao mesmo instrumento de redução de produção é a Scania, que quer criar medidas para flexibilizar a jornada para compensar a queda nas vendas. Mas os funcionários da montadora recusaram hoje a proposta da empresa. A freada na venda de veículos que resultou numa onda de férias coletivas nas montadoras está começando a afetar as produção das indústrias de autopeças. A TRW, por exemplo, foi obrigada a dar uma semana de folga para os 168 funcionários da fábrica de sistemas de direção de Lavras (MG). A unidade é fornecedora de peças para a Fiat de Betim (MG), que deu uma semana de folga para os funcionários para adequar a produção à queda na venda de veículos. Segundo o diretor de Recursos Humanos da TRW, Manuel Martins, a empresa ainda está avaliando a estratégia de produção das outras unidades. "Nossas outras fábricas produzem peças para mais de um cliente. A unidade de Lavras foi especialmente prejudicada pois só tinha a Fiat como cliente." A TRW emprega 4.200 funcionários em seis fábricas instaladas em Limeira, Engenheiro Coelho, no interior de São Paulo, Santo André, Mauá, na região do ABC, e Três Corações (MG). Em agosto, a TRW já havia demitido 50 funcionários da fábrica de cintos de segurança e sistemas de direção e suspensão de Mauá.

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