Crise energética faz indústria eletroeletrônica renovar conceito de economia

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Publicado Quarta, 22 de Agosto de 2001 às 17:09, por: CdB

Vender a Ponte do Brooklin parece brincadeira de criança se for comparada com a venda de eletrodomésticos no Brasil nos dias de hoje. Mas com menos de três meses de aguda crise energética, a Multibrás, a maior produtora de eletrodomésticos do país, diz que o Brasil já deu um grande passo. Com a introdução de uma linha completa de aparelhos que economizam energia a empresa aposta que conseguirá atrair os consumidores de volta às lojas. "O auge da crise já passou", disse Paulo Periquito, presidente da Multibrás, em uma entrevista. "Nos próximos meses, o consumidor irá perceber que economizou muito mais do que precisava e poderá voltar a usar muitos dos aparelhos que foram deixados de lado". As vendas da companhia, que pertence à Whirlpool Corp., com sede em Benton Harbor, Michigan, caíram rapidamente depois que o governo anunciou em maio um plano emergencial de racionamento de energia, que exigia que todas as casas reduzissem o consumo de energia em 20%. Temendo multas e cortes de energia, os consumidores tomaram medidas drásticas, desligando permanentemente os fornos de microondas, freezers e máquinas de lavar. A utilização de energia nas casas caiu 35%. Ao mesmo tempo, as vendas de eletrodomésticos caíram em média 23% em maio e 30% em junho, de acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes de Eletroeletrônicos, conhecida como Eletros. A Multibrás disse que as vendas de microondas caíram 70%. Agora os fabricantes de eletrodomésticos e lojas estão tentando atrair os consumidores preocupados com o consumo de energia de volta às lojas para substituir os velhos aparelhos por modelos mais novos e eficientes. "Os produtos no Brasil se desenvolveram tecnologicamente de tal maneira durante os últimos anos, que já economizam muita energia", disse Paulo Saab, presidente da Eletros. "Nós estamos tentando mostrar ao consumidor que ele ainda pode comprar produtos e ajudar o país sem paralisar a economia". Para Andréia Silva, de 19 anos, que estava pesquisando os preços das máquinas de lavar em uma loja da Eletro no bairro comercial da Lapa, a afirmação parece ser verdadeira, porque ela teve que ouvir sua mãe reclamar das mãos ressecadas por dois meses. "Nós temos uma daquelas máquinas enormes de 10 anos atrás que pulam enquanto estão lavando a louça", disse Andréia, que vive com seus pais e uma irmã mais nova. "Ela gasta tanta energia que ultimamente nós estamos lavando tudo na pia mesmo". Até agora, o progresso da Multibrás foi no sentido de convencer os consumidores a trocar geladeiras velhas por modelos que economizam até 30% cento de energia. Apesar de a companhia ter se recusado a fornecer números exatos, Periquito disse que o aumento das vendas de geladeiras foi significativo o suficiente para reparar a queda nas vendas da maioria dos outros eletrodomésticos. Ele espera que a companhia termine o ano com vendas semelhantes à do ano 2000. Aproveitando a ocasião, a companhia se comprometeu a renovar toda a sua linha de produtos nos próximos 90 dias para conseguir receber o selo de energia do governo. Os analistas advertem, no entanto, que as declarações de recuperação ainda são prematuras. As vendas de produtos que gastam mais energia, como freezer, forno de microondas e ar-condicionado, só deverão se recuperar no ano que vem. E o consumo deverá diminuir ainda mais por causa do aumento das taxas de juros que está fazendo com que as lojas reduzam os financiamentos. Na cadeia de eletrodomésticos Ponto Frio, por exemplo, as vendas em lojas inauguradas há pelo menos um ano caíram 10 por cento no segundo trimestre em comparação com o ano passado. A Eletro ainda conseguiu relatar um crescimento de 5% no segundo trimestre nas vendas destas lojas, apesar da queda de 9,6% em junho, quando o racionamento entrou em vigor. "As taxas de juros estão altas, os salários não estão aumentando e este tipo de produto é muito importante para o crescimento do PIB", disse Gustavo Hungria, um analista de v

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