Antigo aliado de Bolsonaro, o ex-chanceler tem feito críticas constantes ao chefe do Executivo. Recentemente, Araújo acusou o mandatário de estar favorecendo uma política “pró-China” por meio de sua aliança com o chamado ‘Centrão’. Segundo ele, o bloco teria passado a pautar a gestão federal conforme os interesses do país asiático.
Por Redação – de São Paulo
Ex-chanceler e bolsonarista arrependido, o diplomata Ernesto Araújo não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) diante da guerra na Ucrânia. Ele afirmou que o mandatário está reproduzindo “desinformação russa” em suas falas.
Em vídeo que circula nas redes sociais, o ex-ministro das Relações Exteriores disse que a posição de suposta “neutralidade” defendida pelo chefe do Executivo transmite, na verdade, uma preferência pelo país de Vladimir Putin.
— Me parece que a posição correta do Brasil, compatível com nossos valores morais e interesses materiais, seria um apoio à Ucrânia, junto com as grandes democracias ocidentais — afirmou Araújo.
Argumento
O ex-chanceler também criticou a visita de Bolsonaro à Rússia no momento em que a tensão entre os países europeus já estava em escalada, o que, segundo o ex-ministro, contradiz a posição neutra que o presidente diz defender.
Araújo argumentou que Bolsonaro validou a narrativa russa ao se referir a Volodmir Zelenski, presidente do país invadido, como “comediante”.
— A ilação que o presidente está fazendo é que o povo ucraniano entregou o seu destino a alguém que não tinha capacidade de conduzi-lo e agora está sofrendo as consequências disso. Isso é pura propaganda russa — disse Araújo, acrescentando não considerar demérito o fato de o líder ucraniano ser um ex-comediante.
Antigo aliado de Bolsonaro, o ex-chanceler tem feito críticas constantes ao chefe do Executivo. Recentemente, Araújo acusou o mandatário de estar favorecendo uma política “pró-China” por meio de sua aliança com o chamado ‘Centrão’. Segundo ele, o bloco teria passado a pautar a gestão federal conforme os interesses do país asiático.
As críticas de Araújo sinalizam para uma divisão na base do governo quanto à Ucrânia. Liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (Patriota-RJ), outra ala defende o líder russo, Vladimir Putin e a ação militar.