A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, disse que o seu país honrará o cronograma de pagamentos da dívida pública reestruturada em 2005 e em 2010 e não aceitará “extorsões” de grupos de credores que não concordaram com a reestruturação, iniciada após a moratória de 2001.
O anúncio da presidente, veiculado em rede nacional, foi uma resposta à decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que rejeitou a revisão de uma sentença contra o país na disputa com credores de títulos não renegociados.
A negação do recurso obriga a Argentina a pagar cerca de US$ 1,33 bilhão a esses credores, entre eles os fundos Aurelius Capital Management e NML Capital, do multimilionário Paul Singer. Essa soma corresponde ao valor de face dos títulos mais juros. Esses fundos detêm cerca de 1% do valor da dívida que o país, em 2001, disse que não pagaria na íntegra.
Cerca de 92% dessa dívida acabou sendo renegociada em 2005 e 2010. Na última tentativa argentina de negociar com os fundos litigantes, que os argentinos chamam de abutres e classificam de especuladores, estes recusaram receber entre US$ 0,25 e US$ 0,29 do valor de face dos títulos.
– A Argentina não vai ‘defaultear’ sua dívida reestruturada e está disposta a negociar, mas não tem vontade de ser submetida à extorsão – declarou Kirchner. Se pagar o que determina a corte americana, o país poderá se ver obrigado a pagar também aos demais credores que não entraram na reestruturação. Isso elevaria o total a ser pago a US$ 15 bilhões, mais da metade das atuais reservas argentinas.
Além disso, os detentores dos demais 92% da dívida, já renegociada, poderiam se sentir prejudicados por terem aceitado a renegociação e também entrar na Justiça para reclamar o valor original. Segundo Kirchner, a decisão da corte não é desfavorável só para a Argentina, mas também para aqueles que acreditaram no país e concordaram com a reestruturação.
Na decisão desta terça, a corte norte-americana também determinou que os credores podem pedir informações sobre ativos da Argentina que estejam fora dos Estados Unidos para eventualmente pedir o seu embargo.