Curso desvenda influência militar sobre a sociedade brasileira

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Publicado Sábado, 03 de Julho de 2021 às 15:19, por: CdB

O curso tem apoio do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep), Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes-Unesp), da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed) e da revista Tensões Mundiais, do Observatório das Nacionalidades, da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Por Redação, com ACSs - de São Paulo

O professor Manuel Domingos Neto apresenta o curso Introdução ao Estudo do Militar Brasileiro – Como se formam e se expressam os humores no quartéis, previsto para estar disponível entre julho e outubro pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Serão duas aulas por semana ao longo de quatro meses, apresentando um panorama geral para balizar o processo de compreensão dos militares ao longo da história. E especialmente no atual momento brasileiro.

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O presidente Bolsonaro baseia seu governo no suposto apoio que teria da caserna

O curso tem apoio do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep), Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes-Unesp), da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed) e da revista Tensões Mundiais, do Observatório das Nacionalidades, da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

São 64 horas/aula, às terças e quintas-feiras, das 19h às 21h. O primeiro sai no dia 6 de julho e o último será em 28 de outubro. As aulas ficarão disponíveis aos inscritos. O valor da inscrição é de R$ 800, ou R$ 400 para estudantes, ambos podendo ser parcelados em quatro vezes. Há possibilidade de bolsas, mediante demanda. Mais informações e inscrições pelo estudodomilitarbrasileiro@gmail.com.

Defesa nacional

Serão 32 aulas para oferecer fundamentos teóricos e históricos para a compreensão da defesa nacional e das Forças Armadas. Buscará associar a vida orgânica e funcional das corporações às manifestações políticas, mediante literatura disponível sobre relações civis-militares e atuação política dos quartéis. Abordará mentalidade, costumes, aspirações e propensões políticas das fileiras, fechando com propostas em benefício da soberania nacional, da democracia e do desenvolvimento.

O curso no Barão de Itararé utilizará amparos conceituais de múltiplas áreas do conhecimento e não se pautará em abordagem histórica, apesar e respeitar certa ordem cronológica. O professor apresentará resultado de pesquisas próprias, publicadas e inéditas, e reflexões desenvolvidas desde os anos 1970. Por meio de entrevistas, palestras e mesas-redondas, os alunos terão oportunidade de ouvir e debater com especialistas e atores políticos que tiveram envolvimento com assuntos da Defesa.

Poder militar

As fileiras ainda não constituíram objeto de estudo sistemático e abrangente. Há respeitável literatura sobre processos políticos protagonizados pelos militares. Acumulam-se estudos sobre a Guerra do Paraguai, a Proclamação da República, o tenentismo, o Estado Novo e a ditadura de 1964. Há bons livros sobre personalidades militares. Mas são rarefeitos os estudos sobre os liames entre o trajeto nacional e as estruturas orgânicas e funcionais das corporações.

Nas universidades, poucos pesquisadores se dedicam aos “assuntos da defesa” e aos “negócios militares”. A sociedade e o poder político pouco sabem acerca da aplicação de recursos públicos nas Forças Armadas e da capacidade brasileira de dissuadir eventuais agressores estrangeiros. Acordos internacionais envolvendo armas e equipamentos são analisados superficialmente. A cultura corporativa persiste como enigma para muitos. Como se formam e se exprimem os humores dos quartéis? O Poder Executivo, o parlamento e os partidos políticos não contam com assessorias especializadas em assuntos relativos ao poder militar.

Excetuados curtos períodos, desde a Proclamação da República são correntes os temores de golpes. As interpretações da intervenção na vida política desconsideram o que ocorre em quartéis e escolas militares. Corporações armadas são organismos complexos: indispensáveis ao Estado, alimentam desígnios próprios; impulsionam o conhecimento e as novidades, mas preservam antigos valores e costumes; mantidas pela sociedade, sempre buscam ditar-lhe os rumos.

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