Dando de turista na Tijuca

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Publicado quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016 as 20:58, por: CdB

Lembrei, na tijuca, minha estreia no teatro substituindo a namorada do Chico, na época, Marieta Severo, na peça “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”, do Vianinha e Ferreira Goulart

Por Maria Lúcia Dahl, do Rio de Janeiro:

Nada mal dar um passeio na Tijuca como se fosse turista
Nada mal dar um passeio na Tijuca como se fosse turista

Passei o fim de semana na Barra, que até hoje, mesmo que eu a frequente com meu companheiro que mora no Jardim Oceânico, ainda me sinto numa outra cidade, como se estivesse em Brasília, por exemplo…

Meu companheiro aproveita esse meu lado “turista” e me leva a lugares que eu nem sabia que existiam, como, por exemplo, o Museu Casa do Pontal, instalado numa reserva ecológica perto do Recreio.

O acervo foi reunido pelo designer e colecionador francês, Van de Beuque, durante mais de quarenta anos onde reuniu obras que mostram a vida e a cultura do brasileiro, a maioria do Nordeste, onde se veem: cangaceiros, cavaleiros, bichos rurais e flagrantes de festas, casamentos, pessoas e crianças, de barro, feitos com imensa delicadeza por Mestre Vitalino e muitos outros, dentro de vitrines de varias salas grandes que dão para um imenso jardim.

Como turistas, que nos transformamos, passeando pelo Rio de Janeiro, não poderíamos deixar de saber mais sobre a história brasileira e ver a vida do Chico Buarque, um dos maiores compositores e cantores do país.

O documentário recente, feito pelo cineasta Miguel Faria Jr., virou nosso fundo musical onde “viajei” com ele até a minha juventude onde encontrava o Chico e os outros melhores compositores , que também fazem parte do filme, nos bares, shows e restaurantes da época, e sobretudo, a minha estreia no teatro substituindo a namorada do Chico, na época, Marieta Severo, na peça “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”, do Vianinha e Ferreira Goulart.

À noite fomos ao shopping Rio Design Center para ver “A vida de Yogananda” ,o Guru indiano que trouxe a espiritualidade para o ocidente. Antes do filme começar, ficamos olhando suas lojas chiques e grandes. Mas o que mais me surpreendeu e encantou foi a quantidade de cachorros que passeavam com seus donos nas suas coleiras pelos enormes corredores e até subindo as escadas rolantes, muito educadamente. Uma surpresa.

Depois mergulhamos na espiritualidade do filme sobre a vida de Yogananda, endeusado pelos Beatles, o que me fez também voltar ao meu período de meditação e aos anos 70, 80.

E assim saímos flutuando pela Barra como turistas brasileiros, até chegar em casa, ligar a TV e nos deparar com a realidade de guerras, roubos, prisões e assaltos, e o pior de tudo, o fim das cidades maravilhosas do Brasil, que vão se acabando uma atrás da outra como resultado dessa terrível mistura.

Maria Lúcia Dahl , atriz, escritora e roteirista. Participou de mais de 50 filmes entre os quais – Macunaima, Menino de Engenho, Gente Fina é outra Coisa – 29 peças teatrais destacando-se- Se Correr o Bicho pega se ficar o bicho come – Trair e coçar é só começar- O Avarento. Na televisão trabalhou na Rede Globo em cerca de 29 novelas entre as quais – Dancing Days – Anos Dourados – Gabriela e recentemente em – Aquele Beijo. Como cronista escreveu durante 26 anos no Jornal do Brasil e algum tempo no Estado de São Paulo. Escreveu 5 livros sendo 2 de crônicas – O Quebra Cabeça e a Bailarina Agradece-, um romance, Alem da arrebentação, a biografia de Antonio Bivar e a sua autobiografia,- Quem não ouve o seu papai um dia balança e cai. Como redatora escreveu para o Chico Anisio Show.Como roteirista fez recentemente o filme – Vendo ou Alugo – vencedor de mais de 20 premios em festivais no Brasil.

Direto da Redação, editado pelo jornalista Rui Martins.