Decisão de religiosos do Talebã irrita ainda mais a Casa Branca

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Publicado Quinta, 20 de Setembro de 2001 às 11:31, por: CdB

"Isso não se encaixa com os pedidos dos EUA. É hora de ação, não de palavras". Esta foi a reação do porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, diante da decisão do Shura, o conselho supremo do Talebã, de apenas pedir para que o saudita Osama bin Laden se retire do Afeganistão, quando puder e se sentir a vontade para isso. Horas antes, em Cabul, após manifestar suas condolências aos EUA pelos atentados, os líderes religiosos afirmaram que irão declarar guerra santa contra os EUA e seus aliados se houver um ataque ao Afeganistão. A chancelaria indiana afirmou que já havia sinais de que os talibãs estariam convocando guerrilheiros muçulmanos que lutam no território da Cachemira - disputado por Índia e Paquistão - para se unirem a uma guerra santa. Antes do pronunciamento oficial, em resposta ao veredito do conselho religioso (Shura), uma fonte do Departamento de Estado americano afirmou que os EUA insistem em "querer ação, não palavras" e reiteravam o pedido para que o Talibã entregue Osama bin Laden. Principal suspeito dos ataques contra Nova York e Washington, Bin Laden vive escondido nas montanhas do país e é tratado como um "hóspede" pelo. Uma das quatro mulheres do terrorista é filha do mulá Mohammad Omar, líder religioso supremo do Afeganistão. Fontes do regime talibã afirmaram que o mulá Omar estaria de acordo com a decisão do conselho de religiosos, mas a informação não foi confirmada oficialmente. De acordo com fontes em Cabul, Omar teria fugido de Cabul e estaria escondido. Os talibãs dizem não saber para onde Bin Laden poderia ir caso decida deixar o Afeganistão, mas declararam que o terrorista saudita estaria pronto para ser julgado caso fossem apresentadas provas contra ele. O conselho pediu ainda investigações independentes sobre os ataques. "Exigimos que a ONU e a Organização da Conferência Islâmica investiguem de maneira independente e precisa os acontecimentos recentes para apurar os fatos e impedir a punição de inocentes. Os ulema (líderes religiosos) manifestam sua tristeza com as mortes americanas e esperam que a América não ataque o Afeganistão". De acordo com fontes citadas pela agência Associated Press, um dos religiosos que participou da reunião, Mohamed Naseer, mostrou-se preocupado com o eventual derramamento de sangue em caso de uma guerra. - Não matem gente inocente. Queremos uma solução que preserve nosso país e resolva o problema de nosso convidado - afirmou Nasser, referindo-se a Bin Laden.

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