Mesmo após declaração de amor, EUA jogam duro com os brasileiros

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Publicado Terça, 19 de Março de 2019 às 14:41, por: CdB

A proposta foi feita ao governo brasileiro pelo representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, em uma reunião na segunda-feira. A lista de países de tratamento especial e diferenciado da OMC, em que os países se autodenominam, dá vantagens especiais como mais tempo para cumprir acordos e outras flexibilidades.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Washington
  Os Estados Unidos querem que o Brasil deixe a lista de países de tratamento especial e diferenciado da Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio norte-americano à entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Ministro da Economia, Paulo Guedes falou ao público norte-americano em inglês fluente, mas o resultado da visita termina negativo para o Brasil
A proposta foi feita ao governo brasileiro pelo representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, em uma reunião na segunda-feira. A lista de países de tratamento especial e diferenciado da OMC, em que os países se autodenominam, dá vantagens especiais como mais tempo para cumprir acordos e outras flexibilidades. Contrário à lista, o governo norte-americano quer terminar com o modelo, do qual o Brasil participa até hoje, e quer ajuda do governo brasileiro. Segundo Guedes, Lighthizer disse que o Brasil precisa entender que para entrar na OCDE teria que deixar a lista de países de tratamento diferenciado. — Não tem troca, ele que está fazendo essa demanda — disse Guedes.

Problema

Ao menos dois países membros da OCDE, Coreia do Sul e Turquia, estão na lista de países com tratamento diferenciado. De acordo com uma fonte que acompanha essas negociações, a questão do governo norte-americano com o Brasil é mais complexa. — Eles não querem que o Brasil entre por motivos que não sabemos. Cada vez que resolvemos uma questão que levantamos eles criam outro problema — disse a fonte à reportagem da agência inglesa de notícias Reuters.

OCDE

Os EUA, na realidade, exigem que o Brasil abra mão de tratamento especial junto à OMC para darem apoio à entrada do país na OCDE, afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes. O Brasil faz parte dos países que se declaram em desenvolvimento na OMC e, por isso, tem direito a tratamento especial e diferenciado, que dá maiores prazos para cumprir acordos e uma série de flexibilidade nas negociações comerciais. A entrada na OCDE foi a principal demanda do governo Bolsonaro espera nesta viagem. Ser membro da organização funciona como uma espécie de selo de qualidade de políticas macroeconômicas, e estimularia investimentos no país. — Vocês têm que entender que para entrar na OCDE vocês precisam abrir mão do tratamento especial e diferenciado na OMC. Mas não tem essa troca, ele que está fazendo essa demanda — teria dito a ele o representante de comércio dos EUA, Robert Lighthizer a Guedes.

Tarifa zero

Este não seria o único movimento do Brasil em favor dos EUA, sem nenhuma contrapartida. Mesmo sem a garantia de obter nada em troca, o Brasil decidiu fazer uma importante concessão unilateral aos Estados Unidos na área de comércio: flexibilizar a entrada de trigo importado no país. Nesta terça-feira, quando os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump se encontraram na Casa Branca, o governo brasileiro notificou a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre uma cota com tarifa zero de importação para 750 mil toneladas anuais de trigo.
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