Depoimento complica a polícia londrina no Caso Jean

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Publicado sexta-feira, 26 de agosto de 2005 as 09:41, por: CdB

A polícia londrina atirou por mais de 30 segundos no jovem brasileiro Jean Charles de Menezes, que foi assassinado com oito tiros no mês passado por policiais que o confundiram com um terrorista no metrô londrino de Stockwell, de acordo com o jornal britânico “The Guardian”, publicado nesta sexta-feira.

A informação é da jornalista independente Sue Thomason que estava no local quando o brasileiro foi morto, dentro do vagão de trem. Segundo seu relato, foram disparados pelo menos 11 tiros, oito dos quais atingiram o rapaz, sete na cabeça e um no ombro.   

O depoimento da jornalista freelance Sue Thomason aos investigadores do caso lançam nova luz sobre o episódio e os momentos de pavor por que passaram as outras pessoas que estavam no vagão do metrô onde Jean foi morto.

-A testemunha diz que os tiros foram disparados em intervalos de três segundos e que ela correu para salvar sua vida, temendo que terroristas tivessem aberto fogo contra os passageiros – relata o jornal.

Policiais à paisana seguiram o brasileiro até um metrô da estação de Stockwell, onde ele foi morto pelos agentes britânicos. Segundo a versão da polícia, o jovem brasileiro fugiu, chegando inclusive a pular as catracas do metrô de Stockwell, desobedecendo as advertências dos agentes, que pediram para que ele parasse.

Documentos da investigação que vazaram na imprensa londrina na semana passada diziam, entretanto, que o jovem “entrou tranqüilamente” no metrô e se sentou em um vagão, antes de ser morto por policiais.

 A polícia britânica deu início nesta sexta-feira ao interrogatório de três homens que foram detidos nesta quinta em Newport, ao sul de Gales, sob as leis antiterroristas, informaram fontes policiais.

– A investigação continua. Daremos mais informação ainda no dia de hoje (sexta-feira)  – disse um porta-voz da polícia de Gwent, que não detalhes sobre os indivíduos e os motivos da prisão. 

Não se sabe ainda se os três detidos têm alguma relação com a investigação dos atentados terroristas de 7 e de 21 de julho contra a rede de transporte público de Londres.