Depoimento de Tacla Durán causa comoção em redes sociais do país

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Publicado Sexta, 01 de Dezembro de 2017 às 15:19, por: CdB

Para o advogado Daniel Renout, do Rio de Janeiro, “o silêncio da mídia que apoiou o golpe (sobre o depoimento de Tacla Durán) é ensurdecedor.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro

 

O depoimento do advogado Rodrigo Tacla Durán, ex-executivo da Construtora Norberto Odebrecht, â Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) da JBS, na véspera, causou um alvoroço nas redes sociais, embora a mídia conservadora tenha minimizado as declarações cáusticas ao juiz Sérgio Moro e à força-tarefa que coordena, na Operação Lava Jato.

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Gráfico sobre o depoimento de Tacla Durán circulou, durante dias, nas redes sociais. (Clique para ampliar)

Para o advogado Daniel Renout da Cunha, do Rio de Janeiro, “o silêncio da mídia que apoiou o golpe é ensurdecedor.  O falso moralismo se desnuda em praça pública.  A venda de ativos estratégicos da Pátria desvela a traição”.

“A hipocrisia dos inocentes úteis é fingir que sabiam o que estavam fazendo quando foram atrás do bonde capitaneado pelos vendilhões. Os instrumentos usados na falência da economia revelam sua face podre.  Só os tolos não desconfiam do discurso anticorrupção na boca do poder econômico. Quem abre mão de princípios querendo agradar a opinião pública ou alcançar ‘resultados’ só atesta a própria falta de caráter!”, afirmou Renout da Cunha, em uma rede social.

Reputação

Renout da Cunha é apenas mais um dos milhares de brasileiros que, no Facebook, Twitter e demais páginas interativas repercutiram as reações mais diversas quanto ao magistrado paranaense. Alguns dos textos que circulam, também nos celulares em redes como o WhatApp e Telegram, são radicais:

“[00:28, 1/12/2017] Foi a pá de cal num defunto podre, fedorento, infecto (A reputação de Moro esfacelou-se, na fossa)”, afirma o internauta Francisco Costa. Após uma serie de considerações sobre o caráter de Sérgio Moro, o internauta deixa as seguintes recomendações:

1) compartilhem ao máximo, principalmente com os iludidos de Moro;
2) se afirmarem que é mentira, mandem procurar no Youtube, o vídeo, com o depoimento completo (mais de duas horas), já está disponível. Se quiser pode copiar na minha linha do tempo ou nas páginas dos deputados Waldih Damous e Paulo Pimenta;
3) se ontem já fui muito ameaçado, hoje vão me dar tiros virtuais, qui medinho!

Zucolotto

A realidade é que os deputados e senadores que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, conforme adiantou o Correio do Brasil, na edição Ano XVII • Nº 6.521, desta sexta-feira, reivindicaram que, na próxima semana, seja convidado para depor o advogado do Paraná Carlos Zucolotto. A CPMI ouviu por videoconferência, na véspera, o depoimento de Rodrigo Tacla Duran. Os parlamentares consideraram graves as denúncias levadas pelo advogado, que está na Espanha.

Duram revelou que o advogado Zucolotto, amigo e padrinho de casamento do juiz Sérgio Moro, pediu R$ 5 milhões “por fora” para conseguir aliviar a multa que teria de pagar, se firmasse acordo com a Operação Lava Jato.

O advogado da Odebrecht admitiu a deputados e senadores ter contratado profissionais da capital paranaense por ter sido aconselhado a colocar alguém que fosse “da patota de Curitiba” – dando a entender que podem existir acordos entre as bancas de advocacia daquela capital e a equipe da Lava Jato. “São graves os fatos e queremos ouvir a versão de Zocolotto”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-RS).  

Honorários ‘por fora’

Tacla Duran evitou falar, durante seu depoimento, na mulher do juiz federal Sérgio Moro, Rosângela Moro, do escritório de advocacia de Zucolotto, que foi contratado por Duran, e disse que nada tem contra o magistrado.

— Apenas acho que ele (Moro) tomou atitudes exageradas que me prejudicaram — afirmou.

Duran disse que os documentos de sua defesa que deveriam ter sido assinados pelo escritório nos autos do processo tiveram o nome de Zucolotto e da equipe retirado dos autos. E confirmou ter recebido uma proposta do advogado paranaense para que os pagamentos dos honorários advocatícios tivessem uma parte feita “por fora”, o que deu a entender, a seu ver, que se tratava de uso de recursos para um possível caixa 2 ou pagamento a terceiros.

‘Autonomia do MP’

Ao final da reunião da CPMI, também o deputado Wadih Damous (PT-RJ) pediu a palavra para denunciar o que chamou de “ataques” que têm sido feitos por integrantes do Ministério Público a ele e outros parlamentares da comissão.

— Não deixarei passar em branco nem ameaças nem ironias feitas por redes sociais por membros do Ministério Público — afirmou.

A declaração de Damous foi dirigida à procuradora Mônica Checker, autora de uma nota no Twitter o criticando e dizendo que ele teria afirmado que os procuradores não deveriam ter autonomia funcional.

— Jamais disse isso, mas continuo afirmando que há um exagero na autonomia dos membros do MP. Quem tenta distorcer a afirmação de alguém está mentindo — destacou o parlamentar.

Adulterações

Os integrantes da CPMI também destacaram que querem descobrir, daqui por diante, quem é o suposto técnico de Tecnologia de Informação da Odebrecht que desconectou o sistema interno da empresa, com documentos que segundo Tacla Duran, foram fraudados. O advogado disse não ter conhecimento de sobrenome nem contatos, mas sabe ser alguém chamado por Sebastião.

— Vamos agora tentar descobrir quem é o Sebastião. E qual o seu envolvimento na modificação de documentos da Odebrecht — afirmou Paulo Pimenta.

A oitiva dos parlamentares com o advogado durou mais de três horas. Resultou, ao final, em várias declarações que chamaram a atenção. Entre elas, a de que documentos entregues em delação premiada por executivos da Odebrecht foram adulterados; além da confirmação de que a empresa realizou um grande encontro com seus executivos para acertar o que iriam dizer. E como iriam relatar os fatos em seus depoimentos nas 77 delações homologadas por Sérgio Moro.

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